O presidente Lula abriu a reunião ministerial desta quinta-feira (15) com recados claros aos ministros, principalmente sobre comunicação.
De forma muito enfática, o presidente declarou:
“Podemos fazer a divulgação das coisas que fazemos com muito mais profissionalismo se tivermos um mínimo de educação, de fazer as coisas coletivamente. É por isso que colocamos o deputado Paulo Pimenta, uma figura simpática, alegre, sorridente, gaúcho dos pampas, de Santa Maria (RS), para coordenar nossa comunicação.”
O recado não poderia ser mais direto. Quem acompanha Brasília de perto sabe que parte dos ministros atua como se seus ministérios fossem ilhas isoladas de todo o resto. Aliás, essa não é a primeira vez que Lula cobra alinhamento dos ministros e mais colaboração com a comunicação. Em abril, o presidente já havia cobrado os ministros nesse sentido.
Também em abril, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (SECOM) já havia cobrado os ministros para que alinhassem a divulgação de políticas públicas com a Casa Civil e com sua própria pasta.
E não faltam integrantes do próprio Palácio do Planalto que estejam incomodados com a postura de boa parte dos ministros. Segundo uma fonte palaciana, “falta ao governo mais unidade e menos personalismo [dos ministros]”.
Essa postura atrapalha até mesmo a relação do governo com o Congresso, já que ministros não têm recebido sequer deputados da própria base ou os convidado para eventos em suas bases eleitorais. A própria Gleisi Hoffman (PT-PR) ficou incomodada no início do ano ao ser avisada de véspera que ministros do governo iriam ao seu estado anunciar políticas públicas.
Inclusive, o sucesso de Fernando Haddad (PT-SP) em Brasília se dá justamente pela preocupação em agir em conjunto com o governo e por ser receptivo com os parlamentares.
Certamente, um dos motivos para Lula anunciar que precisa ficar um pouco mais no Brasil e reduzir sua agenda internacional é justamente para conseguir alinhar esse ponto. E o presidente não só cobrou mais alinhamento com a SECOM, mas também cobrou mais alinhamento com o governo.
Um dos exemplos absurdos desse cenário é o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho (UNIÃO-MA), que desapareceu durante o debate do projeto de lei que combate discursos de ódio nas redes, além de só aparecer no noticiário em notícias nada abonadoras para o governo.
Por outro lado, os ministros que são considerados possíveis candidatos ao Planalto em 2026 são os que mais jogam junto com o governo, talvez na expectativa de sucederem o presidente e obterem capital eleitoral com os êxitos do governo.
Entre tantas especulações e conversas de corredor, uma coisa é fato: o refinamento da articulação política do governo passa por acabar com o arquipélago de ministérios e transformá-los em um só continente, em uma única porção de terra.
Essa não é a primeira reunião em que o presidente cobra isso dos ministros. Até quando o presidente terá paciência para essas vaidades?
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