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Alemanha devolve à Colômbia máscaras indígenas após 100 anos

Objetos são usados em rituais pelo povo kogi e datam de 600 anos atrás, antes da chegada dos espanhóis ao país latino. Elas foram adquiridas por um etnólogo alemão no começo do século passado e levadas à Europa. Publicado em 16/06/2023 DW — A Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano, na Alemanha, devolveu nesta sexta-feira (16/06) […]

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Markus Schreiber/AP Photo/picture alliance

Objetos são usados em rituais pelo povo kogi e datam de 600 anos atrás, antes da chegada dos espanhóis ao país latino. Elas foram adquiridas por um etnólogo alemão no começo do século passado e levadas à Europa.

Publicado em 16/06/2023

DW — A Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano, na Alemanha, devolveu nesta sexta-feira (16/06) à Colômbia duas máscaras do povo indígena kogi.

Os objetos de madeira são altamente reverenciados pelo povo kogi, que vive em uma montanha do país latino, e seu retorno é o mais recente capítulo de uma série de restituições culturais pela Alemanha.

Os kogi só confeccionam este tipo de máscara para a fundação de templos. Elas são usadas em rituais de dança e canto e, de acordo com as crenças tradicionais, só devem ser manuseadas por um “mamo”, os sacerdotes tradicionais dos kogi.

As duas máscaras têm valor inestimável. Segundo especialistas, elas datam de 600 anos atrás, ou seja, são anteriores à chegada dos espanhóis ao país. Trata-se da Máscara do Sol (Mama Uakai) e da Grande Máscara do Sol (Mama Nuikukui Uaka).

As máscaras foram adquiridas pelo etnólogo alemão Konrad Theodor Preuss, que fez pesquisas na Colômbia entre 1913 e 1919. Ele levou para Alemanha 700 objetos, dos quais mais de 400 estão no Museu Etnológico de Berlim – como era o caso das duas máscaras agora restituídas. Outros objetos foram destruídos durante a Segunda Guerra Mundial.

“Mudança da mentalidade”

A decisão de devolver as máscaras segue anos de negociações entre os dois países, com um pedido oficial da Colômbia no ano passado. A entrega ocorreu em Berlim, na presença do presidente colombiano, Gustavo Petro, e do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.

“Estou satisfeito por poder devolver essas duas máscaras. Elas são sagradas para os kogi. Elas devem estar lá”, disse Steinmeier.

“O quanto os kogi vivem em harmonia com a natureza me impressionou muito. Este retorno faz parte de uma mudança de mentalidade. Somente nos libertando dos parâmetros de pensamento da era colonial podemos resolver os problemas da humanidade”, acrescentou.

A entrega ocorreu em uma visita a Berlim do presidente colombiano, Gustavo Petro. Foto: Markus Schreiber/AP Photo/picture alliance

Petro, por sua vez, disse que os kogi e os povos ancestrais em geral nos ensinam sobre a harmonia entre a natureza e a humanidade.

“Depois de mais de cem anos, dois objetos sagrados para o povo kogi retornarão à Sierra Nevada de Santa Marta”, destacou o chanceler colombiano, Alvaro Leyva.

“Este marco e os futuros retornos de peças pertencentes ao patrimônio cultural dos povos indígenas e da nação colombiana abrem as portas para um aprofundamento das relações científicas entre nossas nações nas quais o respeito à visão de mundo e ao conhecimento dos povos originários é reconhecida”, acrescentou.’

Restituições culturais

Governos e museus na Europa e na América do Norte têm tentado cada vez mais resolver disputas sobre artefatos que foram levados durante os tempos coloniais.

No ano passado, Alemanha e Nigéria assinaram um acordo que abriu caminho para que centenas de artefatos conhecidos como Bronzes de Benin fossem devolvidos. Esses objetos foram retirados da África por uma expedição colonial britânica há mais de 120 anos.

No começo do mês, o fóssil do dinossauro brasileiro Ubirajara jubatus, que teria sido levado de forma irregular para a Alemanha em 1995, também foi devolvido ao Brasil.

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