Nesta quinta-feira (15), o Comitê de Privilégios da Câmara dos Comuns, o principal órgão do parlamento britânico, emitiu um comunicado afirmando que Boris Johnson enganou os parlamentares em relação às festas que ocorreram sob sua responsabilidade durante os lockdowns impostos devido à pandemia do coronavírus. O documento oficial apontou essas revelações preocupantes.
“Concluímos que, ao enganar deliberadamente a Câmara, o Sr. Johnson cometeu um grave desrespeito”, afirmou o comitê sobre a investigação, conhecida como Partygate.
Um extenso documento, com mais de 100 páginas, detalhou seis eventos realizados em Downing Street, nos quais o ex-primeiro-ministro se reuniu com seus aliados. Um exemplo é a festa realizada em 13 de novembro de 2020, poucos dias após o anúncio de um segundo confinamento na Inglaterra, na qual ele comemorou com o jornalista Lee Cain.
Boris Johnson, um dos políticos mais famosos do Reino Unido, por outro lado, reafirmou sua inocência e classificando o relatório como “lixo” e “uma mentira”, enquanto acusava os membros do comitê de buscar vingança contra ele.
O ex-primeiro-ministro renunciou, na última sexta (9), ao cargo de deputado e afirmou que sua decisão foi motivada pelo “Partygate”. Em seu comunicado, ele argumentou que acreditava, corretamente, que esses eventos eram necessários para fins de trabalho e que a administração de uma pandemia demandava tais encontros.
O comitê ainda recomendou que o ex-primeiro-ministro não tenha mais acesso ao documento que garante liberdade aos ex-primeiros-ministros de frequentar o parlamento.
As reuniões, com convites enviados a mais de 100 funcionários do gabinete do político, acontecceram no jardim da residência oficial do governo em Downing Street, em um período de lockdown rigoroso no Reino Unido em 2020 e 2021 devido ao Coronavírus.
Naquela época, as visitas eram proibidas e os encontros entre duas pessoas só podiam acontecer ao ar livre, com distanciamento de dois metros. As imagens das festas foram divulgadas pela imprensa e causaram indignação entre os britânicos, resultando no caso conhecido como “Partygate”. A polícia investigou 12 desses encontros, e tanto Boris quanto sua esposa, Carrie, foram multados.