Ucrânia e Brasil: chefe de gabinete de Zelesnki liga para Amorim

Celso Amorim em visita à Ucrânia. Foto: Divulgação Governo da Ucrânia

Como gesto de reaproximação dos países, assessor de Lula conversou ao telefone com Iermak e recebeu a proposta da participação brasileira em cúpula pela paz.

O assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, recebeu uma ligação nesta terça-feira (13) do chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, Andrii Iermak.

O gesto do governo de Volodymyr Zelenski, presidente do país, foi visto como uma tentativa de reaproximação da Ucrânia e Brasil. Em maio, após o desencontro dos presidentes na Cúpula do G7, no Japão, a relação entre os Estados também se dissipou.

Na conversa, demandada pelos ucranianos, Iermak citou planos para realização de uma cúpula internacional da paz e reforçou a importância da participação do Brasil. De acordo com as informações publicadas pela Folha de S. Paulo, o evento iria ser realizado em um local “de fácil acesso” e seria parte de um processo de negociação.

“Recebi a chamada e tive uma boa conversa com Andrii Iermak, meu interlocutor habitual em Kiev”, disse o ex-chanceler de Lula nos dois primeiros mandatos. “Foi uma conversa geral sobre a guerra e a paz e a visão que o governo ucraniano tem do papel que o Brasil pode ter.”

Lula e Zelenski

Na reunião do G7 em Hiroshima, mês passado, o presidente do Brasil afirmou que havia aberto vagas na agenda para conversar com Zelenski, que não compareceu. Segundo as autoridades da Ucrânia, apesar dos três horários oferecidos pelo governo brasileiro, eles sentiram “desinteresse” por parte do Lula e, em seguida, descompasso de agenda.

Em abril, o petista havia dito que a Ucrânia tinha parte da responsabilidade na guerra do Leste Europeu. A Rússia invadiu o país em fevereiro de 2022 e, desde então, os russos e ucranianos travam conflito armado, impactando a geopolítica no mundo inteiro.

Desde sua entrada no governo do Brasil, Lula tenta reunir países neutros em relação à guerra para compor um grupo de intermédio de negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia.

Em entrevista à Folha, Zelenski se eximiu da culpa pelo não-encontro com Lula no Japão, mas não explicou os motivos. Além disso, deu alfinetadas nas propostas do presidente brasileiro para mediar a paz, referindo-se, com ironia, às tentativas de Lula ser “original” em seus planos.

No entanto, na semana passada, os ucranianos pediram uma conversa com Amorim, que ocorreu nesta terça. Para os Estados internacionais, o Brasil é visto como importante instrumento para influenciar a América Latina e receber apoio do Sul Global.

Letícia Souza:
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