É a primeira vez desde 2019 que agência de classificação de risco indica melhora. Revisão se deve a resultados de crescimento do PIB e à “organização da política fiscal”, apesar do alto déficit.
Publicado em 14/06/2023
DW — A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) Global Ratings anunciou nesta quarta-feira (14/06) melhora na perspectiva de rating (classificação de risco) do Brasil pela primeira vez desde 2019, alterando de “estável” para “positiva”.
A revisão foi motivada pelos resultados de crescimento do PIB e o que a agência chamou de “organização da política fiscal”, apesar do alto déficit.
Segundo a empresa – uma das três maiores agências de classificação de risco do mundo – a mudança reflete a possibilidade de maior crescimento econômico do Brasil, somada aos sinais de maior certeza de estabilidade na gestão da política fiscal e monetária, o que poderá levar a uma redução da taxa básica de juros, a Selic.
A perspectiva positiva significa que a agência pode elevar a nota do país nos próximos dois anos. Atualmente, a S&P concede nota BB- para o Brasil, três níveis abaixo do grau de investimento, garantia de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública.
“Revisamos nossa perspectiva para o Brasil de estável para positiva e reafirmamos nossos ratings de crédito soberano ‘BB-/B'”, afirma o relatório da empresa. “Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos à sua flexibilidade monetária e posição externa líquida.”
A classificação indica também, conforme a agência, um “grau especulativo”, apontando que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas ainda enfrenta incertezas no que diz respeito a adversidades financeiras e econômicas.
Possibilidade maior de crescimento
Em nota, a S&P informou que a melhora da perspectiva reflete uma possibilidade maior de que o país cresça mais com a estabilidade nas políticas monetária e fiscal. Apesar de déficits ainda elevados, a agência afirmou que o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) e o novo arcabouço fiscal proposto pelo governo possam fazer a dívida pública subir menos que o inicialmente esperado.
“O crescimento contínuo do PIB [Produto Interno Bruto] somado ao quadro emergente para a política fiscal pode resultar em uma carga de dívida pública menor do que o esperado, o que pode apoiar a flexibilidade monetária e sustentar a posição externa líquida do país”, afirma o relatório.
A última vez em que a S&P tinha elevado a perspectiva de nota do Brasil tinha sido em 2019. Com a pandemia de covid-19, a perspectiva voltou a ficar estável em 2020, mas o rating da dívida brasileira não mudou.
Desde janeiro de 2018, a S&P Global enquadra o Brasil três níveis abaixo do grau de investimento, mesma nota concedida pela Fitch, outra das principais agências de classificação de risco. A Moody’s classifica o país dois níveis abaixo do grau de investimento.