Enquanto parte da militância petista pede a cabeça dos Ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil), parece que a visão de parlamentares próximos do governo tende a ir por outro caminho.
Não é segredo que a relação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com o Congresso Nacional tem enfrentado algumas dificuldades e disputas internas na equipe de articulação política, envolvendo os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Segundo uma reportagem do jornal O Globo, Padilha e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), têm se desentendido nos bastidores por causa de divergências sobre a estratégia de negociação com os partidos da base e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A reportagem afirma que Guimarães tinha o desejo de ocupar o posto de Padilha na articulação política e que agora utiliza a pressão de Lira para enfraquecer o ministro no governo. Algo que vai de encontro com uma informação dada em primeira mão por esta coluna, que é o interesse de Lira em ver Guimarães no lugar de Padilha.
Rui Costa também é alvo de queixas na bancada petista, que o considera pouco acessível e pouco flexível nas demandas dos parlamentares. O ministro da Casa Civil foi criticado por colegas do Palácio do Planalto por não dar andamento aos pedidos de nomeações encaminhados por Padilha, após negociação com as lideranças partidárias.
E com tantos imbróglios, muita gente se pergunta por qual motivo eles estão em seus cargos? O primeiro motivo é óbvio: são homens de altíssima confiança do presidente e, segundo algumas pessoas no Congresso Nacional, eles estão ali justamente para fazerem o papel de “policiais maus” do governo federal.
Segundo uma fonte próxima do governo, isso fica claro quando observamos que no ano passado o centrão comandava praticamente toda a execução orçamentária do governo federal e hoje brigam aos berros pelo Ministério do Turismo e por cargos na EMBRATUR de Marcelo Freixo (PT-RJ).
Somado ao fato de que Lula costumeiramente se recusa a encontrar líderes do centrão sempre que o clima esquenta, o governo federal tenta mostrar quem é que manda.
É compreensível: depois de quase 10 anos de esvaziamento da figura do presidente da República e, principalmente, dos últimos 4 anos, em que o presidente anterior hipertrofiou o Congresso para que não precisasse trabalhar, chegou a hora do Congresso voltar ao seu tamanho normal.
Outra avaliação que é feita é a de que o governo está tentando ganhar tempo para que as ações na economia comecem a gerar impactos diretos na sociedade e, com isso, aumentem a popularidade do presidente e a aprovação do governo.
Só hoje tivemos mais uma leva de boas notícias na economia, com a agência de risco S&P elevando a avaliação do Brasil de “estável” para “positiva”, o dólar caindo para R$ 4,80 e o Ibovespa crescendo 2%.
A última IPEC já indicou que Lula cresceu 10% entre as classes média e média-alta, embora tenha caído mais de 10% entre as classes menos abastadas. O governo está confiante de que a queda da inflação e o conjunto de programas sociais e de retomada de investimentos em obras e serviços começarão a surtir efeito nos próximos meses.
Se o governo conseguir reduzir drasticamente a fila de mais de 400 mil pessoas aguardando para receber o Bolsa Família e conseguir reduzir de forma contundente o desemprego, todas as outras coisas virão por tabela.
Ou seja, na avaliação de atores do Congresso Nacional, Padilha e Rui, por serem próximos de Lula, teriam “força” suficiente para se segurarem no cargo e ganharem o tempo que o Planalto almeja.
Com um governo bem avaliado e uma economia firme, o que restará para Arthur Lira e o centrão?