10 anos depois, Eduardo Paes revelou ao GLOBO o que pensou dos protestos que mudaram o panorama político do país em junho de 2013
À época, Paes experimentava o auge da popularidade de seu segundo mandato como prefeito do Rio, mas, para o político, a impressão positiva dos eleitores no país nunca mais seria a mesma depois daqueles protestos.
“Faltou liderança política nacional. Me lembro dela [Dilma] dizendo em pronunciamento em cadeia nacional que o governo federal não estava fazendo estádio para a Copa do Mundo, que estava apenas financiando e os governadores iriam pagar. Achei uma indignidade. Havia uma incapacidade de dialogar com as pessoas, liderar, coisa que o Lula faria”, declarou o político.
Paes conta que logo percebeu nos protestos um ponto de não retorno para a imagem que a população tinha da política.
“Todo o mundo político saiu desgastado. Aquilo mudou completamente os parâmetros de avaliação da imagem de todos nós. Uma crise da democracia representativa começou a se instalar ali”.
Perguntado sobre qual ponto abriu seus olhos para o fato de que aquelas manifestações seriam diferentes, ele destacou o momento em que “500 mil pessoas” na Avenida Presidente Vargas xingaram a mãe dele.
“Era essa direita que estava nas ruas, que não acredita na política. Aí as pessoas acabaram buscando solução onde não tinha nada para resolver o problema delas […] O resultado dessa contestação generalizada da política não fez bem ao Brasil. O que saiu dali não melhorou, nem qualificou a política”.