O freio de arrumação começou

EPA

Depois de semanas muito amargas no governo, no que diz respeito à sua relação com a Câmara dos Deputados, parece que os ventos sopram a favor do governo e finalmente Lula entrou em campo.

O evento desta segunda-feira (12), que constava na agenda do presidente e previa a participação dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Casa Civil, Rui Costa; da Secretaria-Geral, Márcio Macedo; de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; da Comunicação Social, Paulo Pimenta; do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; dos líderes do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues; no Senado, senador Jaques Wagner; na Câmara, deputado José Guimarães; e o chefe do gabinete pessoal do presidente, Marco Aurélio Marcola, ocorreu e diz muito sobre o momento do governo.

Segundo fontes no Palácio do Planalto, a reunião marcou a chegada de Lula na articulação política e o freio de arrumação para que a situação melhore. Outra fonte fez questão de dizer que os dias estão “intensos” e com muito trabalho (com uma boa conotação).

Após a reunião, o Ministro Alexandre Padilha deu uma coletiva onde declarou:

“O presidente Lula deve fazer nesta quinta-feira uma reunião ministerial, quer ouvir cada ministro, cada ministra, mostrar o balanço das suas ações até o momento e planejar o próximo período do governo.”

Quem está acompanhando as movimentações de perto já sabe o que isso significa: tem reforma ministerial vindo aí.

E num momento em que começa a se formar um cenário positivo para o governo, que começa a ver os louros da normalização da política e do trabalho sério renderem frutos na economia. E isso sem ainda sentirmos os impactos diretos da reestruturação de políticas públicas importantes, da redução acentuada da inflação de alimentos e ainda sem o “novo PAC” começar a rodar.

Só em abril deste ano, o Brasil conseguiu R$ 30 bilhões a mais de investimento se comparado com o ano anterior. Já as agendas internacionais do presidente deixaram um pouco o conflito na Ucrânia de lado e ficaram (acertadamente) apenas com os interesses econômicos do país.

A aprovação do governo de 53% na última pesquisa IPEC pode ser apenas o prenúncio de uma melhora ainda maior em outubro, com a maioria das políticas públicas já bem estabelecidas.

Segundo a mesma pesquisa IPEC, a avaliação do governo Lula é melhor em cidades pequenas do que nos grandes centros, indica pesquisa IPEC. Nos municípios pequenos, com até 50 mil habitantes, 41% dos entrevistados avaliam a atual gestão como ótima/boa, enquanto aqueles com mais de 500 mil, o número cai para 33%.

Durante todo 2022, eu repeti à exaustão que a população mais humilde sempre será mais sensível aos efeitos da economia. E as cidades pequenas são os termômetros mais precisos para isso!

Não faltam pesquisas mostrando o efeito de programas como o Bolsa Família na economia de cidades do interior. Eles geram empregos, sustentam a economia e fazem o dinheiro circular. Outros programas sociais produzem o mesmo impacto.

A melhora da avaliação do Lula no interior explica perfeitamente a derrota de Bolsonaro nas eleições nas classes menos abastadas. A economia, a queda do dólar, a Bolsa de Valores e a taxa Selic acontecem ali, na vida das pessoas humildes. Se alguém ainda tem dúvidas, aí está a prova.

A diminuição do falatório indevido de ministros e membros de governo e o silêncio da base no Congresso, que parou de dizer “Lula não sabe”, não deixam dúvidas: o freio de arrumação está em ação.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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