Jornalista do WikiLeaks pode ser passar o resto da vida atrás das grades por decisão da Casa Branca
Publicado em 12/06/2023 – 16h24
Por Thales Schmidt – São Paulo (SP)
Brasil de Fato — Julian Assange está perto de esgotar todas as instâncias do Judiciário do Reino Unido para barrar sua extradição para os Estados Unidos. Na última semana, a Justiça britânica negou mais um recurso de sua defesa e agora os advogados do jornalista do WikiLeaks apresentarão seu último recurso na terça-feira (13) para um painel de dois juízes. Caso essa última tentativa seja barrada, não haverá mais alternativas legais dentro do Reino Unido.
Detido em uma prisão de segurança máxima nos arredores de Londres desde 2019, Assange pode ser condenado a passar até 175 anos na prisão nos Estados Unidos. Com um processo que começou com o republicano Donald Trump na Casa Branca, e continua com governo do democrata Joe Biden, os EUA usam uma lei contra a espionagem datada da Primeira Guerra Mundial para processar o jornalista.
“É absurdo que um único juiz possa emitir uma decisão de três páginas que pode colocar Julian Assange na prisão pelo resto de sua vida e impactar permanentemente o clima do jornalismo em todo o mundo. O peso histórico do que acontece a seguir não pode ser exagerado”, afirmou Rebecca Vincent, do Repórter Sem Fronteiras.
A esposa de Assange, Stella Assange, afirmou em suas redes sociais que continua “otimista” de que seu marido não será extraditado por “publicar informações verdadeiras que revelaram crimes de guerra cometidos pelo governo dos EUA”. Ainda de acordo com Stella, ainda não há uma data para a audiência que analisará o novo recurso da defesa.
Em caso de mais uma derrota judicial do jornalista do WikiLeaks, a defesa ainda pode apelar para o Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Todavia, de acordo com o Suprema Corte do Reino Unido, o judiciário do país não precisa sempre seguir as determinações do Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
“Não podemos permitir que a prisão de Assange se baseie na divulgação de documentos no site Wikileaks, em que ele era editor, que mostra as ações secretas de invasão ao Iraque e Afeganistão. Isso é um trabalho jornalístico em sua essência. Há toda uma narrativa de criminalização do jornalismo”, diz Samira de Castro, presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em entrevista ao Brasil de Fato.
Castro ainda denuncia a participação dos EUA e do Reino Unido no caso do jornalista do WikiLeaks, países que acusam outras nações como Venezuela e Cuba por falta de democracia, mas que atacam a liberdade de expressão ao perseguir Assange.
A advogada e jornalista Sara Vivacqua ressalta que o marido de uma das juízas britânicas que decidiu contra Assange atuou como lobista contra o WikiLeaks, em um potencial caso de conflito de interesses revelado pelo Declassified UK.
“A prisão de Assange é ilegal. Ele devia estar em liberdade, ele não cometeu nenhum crime. Ele está preso por violação da condicional dele da Suécia, que é um processo que não existe mais”, diz Vivacqua.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
Nelson
13/06/2023 - 10h39
Faz mais de dez anos que o Sistema de Poder que domina os Estados Unidos vem “moendo” Julian Assange em doses homeopáticas, digamos assim.
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E nesse tempo todo eu não vi um único órgão da mídia hegemônica, e seus comentaristas, denunciar essa perseguição implacável e brutal ao jornalista australiano. Ainda que a mídia hegemônica apareça diante de nós, diuturnamente, a invocar a liberdade de imprensa como algo sacrossanto, como bem inegociável.
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Qual foi o crime de Assange? Ele ousou divulgar ao mundo uma parte, apenas, diminuta, da imensa, da monumental podridão que permeia a forma de atuação desse Sistema de Poder.
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Assange teria divulgado informações secretas que poriam em perigo os EUA, alegam seus acusadores. Uma acusação risível, para dizer o menos. Ademais, é forçoso, imperioso perguntarmos. O que teriam a esconder governos que ousam ditar lições de democracia, de respeito aos direitos humanos às liberdades a outros?
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Em suma. Que tipo de democracia é essa que precisa ficar impondo sigilo em muitas das coisas que faz?
Helena
13/06/2023 - 06h57
Fico me perguntando: por que Assange não se refugiou na Embaixada da Rússia ao invés da Embaixada do Equador? Deveria ter feito como Snowden que pediu asilo político para a Rússia.