A queda de um avião na região da Amazônia Colombiana teve como sobreviventes 4 crianças que viriam a ficar sozinhas na selva por 40 dias. Liderados pela irmã mais velha Lesly, de 13 anos, Soleiny, 9 anos, Tien Noriel, 5 anos, e Cristin, de apenas 1 ano, foram capazes de superar todas as adversidades do tempo e do local.
Inicialmente, a família colombiana embarcou em um avião para fugir da região de onde viviam, dominada pelas FARC desde 2016. O pai já havia conseguido escapar, e no avião estavam as 4 crianças e a mãe.
Através do único relato obtido pelo pai das crianças, Lesly, a irmã mais velha, disse que a mãe sobreviveu durante 4 dias após a queda do avião. ” Talvez a mãe tenha dito a eles: ‘Vão embora que vocês vão encontrar o pai de vocês'”, disse Manuel Miller Ranoque, pai das crianças sobreviventes.
Segundo os parentes da família, Lesly foi a responsável por manter os irmãos a salvo. Eles moravam na região de Araracuara, próxima a uma floresta densa. A avó das crianças disse que a neta possui “natureza guerreira”, enquanto o avô declarou que Lesly era muito inteligente e que teria sido capaz de guiar os irmãos pela selva.
As equipes de busca constataram que, de fato, os irmãos se movimentaram bastante pela floresta. Segundo as forças armadas colombianas, membros do grupo de resgate caminharam por mais de 2.600 quilômetros pela mata. Além disso, concluíram que os irmão movimentavam-se sem parar, dadas as pistas encontradas pelo caminho, como frutas e objetos deixados para trás.
Lesly, mesmo no 5º ano do ensino médio, já era responsável por cuidar de seus irmãos. E, inclusive, segundo a Tia Damarys, brincava na floresta perto de onde moravam no tempo livre. “Ela sabia quais frutos se pode comer e quais são venenosos. E também sabe bem como cuidar de um bebê”, acrescentou a tia ao jornal El Mundo.
Linha do tempo
O voo, que deixava Araracuara e seguia para San José del Guaviare, caiu na região da Amazônia colombiana no dia 1º de maio. No mesmo dia, as buscas pela família e integrantes da equipe do voo começou.
O avião, que teria colidido com árvores, perdeu o motor. No dia 16 de maio, militares colombianos encontraram a aeronave. No local, a mãe das crianças, o piloto e mais um passageiro também foram encontrados, mas já sem vida.
No dia 31 de maio, com a ajuda do cão farejador Wilson, uma pegada é encontrada, e o animal entra na mata para tentar localizar as crianças. O cachorro, no entanto, não retornou.
Na última sexta-feira (9), as crianças foram encontradas com vida pelas forças armadas, mas já tinham sido localizadas primeiro por indígenas, que ajudavam nas buscas realizando rituais e utilizando seus conhecimentos sobre a floresta. “Acreditamos muito na selva, que é nossa mãe. Sempre tive fé e dizia que a natureza nunca me traiu”, disse o pai dos sobreviventes. O governo ainda fará buscas por Wilson, que até o momento não foi encontrado.
Paulo
13/06/2023 - 01h06
Só sobreviveram porque eram indígenas. Nenhuma outra criança ou adulto, de lugar nenhum no Mundo, teria sobrevivido por tanto tempo na Amazônia sem esse conhecimento ancestral…Segundo alguns estudiosos, até 80% dos topônimos e nomes vegetais, no Brasil (e, nesse caso, também na Amazônia, de uma forma geral) são de origem tupi. Notem a sinonímia entre Araracuara, na Colômbia, de onde partiu esse avião, e Araraquara, no interior de São Paulo, nome atribuído por bandeirantes, provavelmente…