A reunião da Comissão Especial do Hidrogênio Verde desta quarta-feira, 7, reuniu instituições financeiras que serão potenciais financiadores dessa nova modalidade energética em todo o País.
O presidente da Comissão, senador Cid Gomes (PDT-CE), celebrou o fato de que os bancos com atuação no Brasil, públicos e privados, se mostraram prontos para investir na produção em larga escala do hidrogênio verde.
“É muito importante para os investidores de todo o mundo saberem que financiamento é algo que estará disponível e, mais do que isso, estará na agenda prioritária de cada uma dessas instituições financeiras”, afirmou Cid.
O senador lembrou mais uma vez a importância da regulamentação do setor tanto para dar segurança jurídica aos contratos quanto para que o País possa estar em sintonia com as exigências da Europa, região com maior potencial de comprar o hidrogênio fabricado no Brasil.
O vice-presidente do setor privado do Banco Sul-americano de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), Jorge Arbache, defendeu que o Brasil precisa pensar em dois caminhos para o hidrogênio verde.
Um deles é a exportação do excedente de produção, mas o principal, argumentou, é a atração de plantas industriais estrangeiras e suas cadeias de produção para o País, gerando milhares de empregos, pagamento de impostos e atraindo inovação e tecnologia.
“Com isso atraímos também parcerias e poderemos ser parte da solução da transição energética no mundo”, afirmou.
Segundo Jorge, atrair indústrias que utilizem aqui no Brasil o hidrogênio e exportem manufaturados verdes é muito mais vantajoso do que apenas produzir hidrogênio e exportá-lo em forma de amônia, que tem uma logística mais cara e mais incertezas do ponto de vista mercadológico. “Essa é uma oportunidade inigualável do ponto de vista histórico. Exportaríamos apenas o excedente. Assim os dois caminhos se complementam”, defendeu.
O diretor do Banco do Nordeste do Brasil, Luiz Alberto Esteves, concordou que o principal caminho para o Brasil é a atração de indústrias. “A emergência da transição energética no mundo é muito heterogênea. Tem grupos econômicos que já precisam antecipar isso e produzir manufaturados verdes. Isso nos favorece a receber plantas industriais onde a emergência é iminente. É um movimento que já estamos vendo aqui no Porto do Pecém, com o aço verde, por exemplo”, destacou.
Maior financiador
O representante do BNDES, Guilherme Arantes, lembrou que o Banco já é o maior financiador de projetos de energia limpa do mundo, segundo estudo da BloombergNEF (BNEF), serviço de pesquisa da Bloomberg para o setor de energia renovável. No Brasil, o BNDES apoiou diretamente, por meio de financiamentos, 70% da capacidade adicionada em energia nos últimos 20 anos. Desse total, 86% dos projetos financiados eram de energia renovável.
De acordo com Guilherme, o BNDES está pronto para continuar avançando nesse processo de descarbonização da economia, dessa vez com os projetos da energia verde. No Brasil, já são mais de R$ 30 bilhões de investimentos sinalizados e o BNDES quer incentivar não só projetos de larga escala, mas também projetos de energia solar, por exemplo, que podem ser realizados com investimentos menores.
Financiamento aos pequenos
Também participaram da reunião os diretores da Caixa Econômica Federal, Lucas Iglesias, e do Banco do Brasil, Luciano Cardoso. O senador Cid Gomes fez um apelo para que essas instituições em especial possam financiar pequenos produtores. “Precisamos dos bancos para fazer com que essa oportunidade do hidrogênio verde chegue também aos pequenos, principalmente com a energia solar porque ela é modulada, pode ter grandes parques, mas pode também fazer que uma família do semiárido nordestino, com a ajuda de financiamento, instale placas solares e possa vender essa energia e diversificar sua renda”, sugeriu.