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É hora de cobrarmos o Congresso

Nas últimas semanas, passei os dias conversando com parlamentares, assessores e membros do governo em Brasília, e uma coisa é inegável: hoje, o nosso Congresso tem uma agenda de governo própria. A própria deputada Ana Pimentel (PT-MG) vocalizou para esta coluna que a crise envolvendo a MP Ministerial era uma espécie de terceiro turno por […]

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Nas últimas semanas, passei os dias conversando com parlamentares, assessores e membros do governo em Brasília, e uma coisa é inegável: hoje, o nosso Congresso tem uma agenda de governo própria.

A própria deputada Ana Pimentel (PT-MG) vocalizou para esta coluna que a crise envolvendo a MP Ministerial era uma espécie de terceiro turno por parte de alguns parlamentares. E essa é uma leitura muito comum.

Apesar de todas as críticas (algumas justas, outras nem tanto) sobre a articulação política do governo federal, quando o Marco Fiscal, o esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente e dos Povos Originários passaram na Câmara, o primeiro alvo de críticas e cobranças foi o próprio governo, certo? Justíssimo! Mas onde ficaram as cobranças ao Congresso?

Nunca o lobby do agronegócio foi tão poderoso, e na ausência de um líder político de oposição, eles acabaram comandando a pauta de oposição no Congresso, enquanto os “bolsonaristas de berço” viraram os palhaços de picadeiro. Eles estão ali apenas para atrapalhar, criar confusão e desmoralizar ainda mais as casas legislativas; não conseguem impor derrotas e dificuldades ao governo.

A própria CPI do MST é totalmente articulada e coordenada pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA); parlamentares governistas já revelaram e apontaram que a FPA não só está instruindo os deputados da comissão, como também atua na produção de documentos e outros artifícios. A CPMI do 8 de janeiro, se bem trabalhada, poderá atingir alguns nomes do agronegócio.

Na reforma tributária, a FPA corre para conseguir um regime fiscal diferenciado e garantias de isenções, e na pauta ambiental, promovem verdadeiros desmontes.

Enquanto o governo corre para garantir novas políticas públicas e projetos relevantes para o país e para a sociedade brasileira, o Congresso dificilmente é cobrado pelas dificuldades que anda criando para os dois primeiros.

E ainda exerce uma pressão desleal sobre o mesmo Executivo que é sabotado e desarticula políticas públicas estruturadas através das malditas emendas. E assim, confortavelmente, segue fazendo o que quer no Brasil; apenas os militares gozam de tamanho benefício.

Uma sinalização positiva do Congresso para a sociedade seria começar a colocar suas comissões de ética para trabalhar e punir, e até mesmo abreviar, os mandatos de parlamentares que estão empenhados na quebra de decoro e em arruaças em plenários e comissões. Outra sinalização importante seria assumir que possuem uma agenda de governo própria.

Caso o fizessem e conversassem de forma franca com o governo, encerrariam o clima de terceiro turno que eles próprios criaram.

Já ao governo, cabe manter os olhos em sua própria articulação política para não abrir flancos para críticas.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Comentários

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Paulo

12/06/2023 - 23h31

Não tem “Terceiro Turno”, é só uma questão de “conversa”…Como sempre foi – embora ao longo das décadas a “conversa” tenha assumido um tom crescentemente mais concreto e materialista, e menos político, digamos assim…


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