O encontro de Lula com Lira e o novo horizonte do governo

IGO ESTRELA/METRÓPOLES

Na semana passada, publiquei um editorial sobre a possibilidade de uma reforma ministerial no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Naquele texto (que pode ser lido clicando aqui), apontei as falhas tanto na escolha de ministros como Juscelino Filho (Comunicações), que na prática não trouxe bônus para o Palácio do Planalto, como as nítidas queixas e falhas na pasta das Relações Institucionais, comandada por Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo.

Pois bem, na manhã desta segunda, 5, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em cena e resolveu conversar pessoalmente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os dois conversaram no Palácio do Alvorada após uma série de episódios que desgastaram a relação entre os dois poderes.

Vale ressaltar que o encontro não constava na agenda oficial, mas interlocutores confirmam que Lula e Lira tiveram uma conversa aberta. Em seis meses de governo, o presidente Lula ouviu de Lira que uma fatia considerável dos deputados (por volta de 300) aguardam pelo menos um café da manhá com o chefe do executivo.

A falta de acesso a Casa Civil, do ministro Rui Costa, também é uma queixa recorrente da maioria absoluta dos deputados. Tanto é que essa mesma maioria sequer consegue empenhar as emendas para suas bases eleitorais. Por sua vez, o presidente disse que não estava ciente desses ruídos e disse a Lira que vai se reunir com seus ministros para avaliar a situação.

Já sobre a reforma ministerial, Lula não sinalizou a Lira de que pretende mexer no time escalado. Como se sabe, o próprio presidente da Câmara tem o desejo de emplacar um indicado do seu partido, o PP, para assumir o Ministério da Saúde. A pasta é vista como estratégica para os pepistas, que enxergam o ministério como “combustível” para as eleições de 2024.

A entrada do Republicanos também é um dos pontos colocados na mesa de opções do governo. O partido presidido pelo deputado federal Marcos Pereira (SP) não faz parte oficialmente da base, mas a maioria dos parlamentares do partido no Congresso já demonstram disposição para se alinharem ao Planalto.

Claro que esse alinhamento não seria de forma voluntária, pois não é segredo para ninguém que o Republicanos quer uma “cota” para chamar de sua na Esplanada dos Ministérios. A preço de hoje, a sigla poderia indicar um nome para ocupar um dos ministérios ocupados pelo União Brasil.

Outro ponto interessante é que deputados do PT não descartam o apoio da bancada do partido a candidatura de Marcos Pereira para a presidência da Câmara em 2025, deixando Lira mais frágil na disputa. O pepista não poderá se candidatar, mas deve colocar um nome de sua confiança para disputar. Nos bastidores, é sabido que o líder da bancada do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), é o nome favorito de Lira.

Gabriel Barbosa: Jornalista cearense com pós-graduação em Comunicação e Marketing Político. Atualmente, é Diretor do Cafezinho. Teve passagens pelo Grupo de Comunicação 'O Povo', RedeTV! e BandNews FM do Ceará. Instagram: @_gabrielbrb
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