Após registrar um recorde de viagens internacionais já no começo do mandato, o presidente Lula (PT) planeja trocar de avião. Lula deseja uma aeronave com maior autonomia de voo, reduzindo a necessidade de escalas frequentes para abastecimento, e que ofereça mais espaço para comportar convidados. A Força Aérea Brasileira (FAB) está avaliando duas opções: adaptar uma das duas aeronaves Airbus A330-200, adquiridas durante o governo do ex-presidente Bolsonaro, ou obter um novo avião usado, mas configurado de acordo com as necessidades.
A adaptação do Airbus A330-200 exigiria a instalação de internet, suíte com chuveiro e uma sala para despacho presidencial, acarretando custos consideráveis. A FAB realizará uma cotação para estimar os valores, que podem aumentar devido às exigências do presidente e da primeira-dama, Rosângela da Silva (Janja). Dependendo dos custos envolvidos, a compra de outra aeronave usada pode se tornar uma opção mais atrativa.
A pauta foi discutida durante um almoço do presidente com o alto comando da FAB na última quarta-feira (31). No caso de adaptações no Airbus A330-200, a aeronave precisaria ficar inativa por um período de até 45 dias ou mais, dependendo da configuração.
As duas aeronaves foram adquiridas da Azul por US$ 80 milhões durante a pandemia, que resultou na redução dos voos, especialmente internacionais. A FAB enxergou uma oportunidade de reforçar sua frota com essas duas aeronaves, diante das dificuldades operacionais enfrentadas durante esse período, como o transporte de cilindros de oxigênio para Manaus e a repatriação de brasileiros na China.
Embora as adaptações não inviabilizem essas atividades, o uso da nova aeronave presidencial pela FAB seria mais restrito e dependeria dos pedidos do presidente e da primeira-dama. Durante as viagens internacionais, Janja costuma exercer influência sobre as decisões, segundo uma fonte próxima.
O atual avião presidencial, um A319 conhecido como “Aerolula”, foi adquirido pelo próprio presidente durante seu primeiro mandato. Com 18 anos de uso, está se aproximando da metade de seu ciclo de vida e exigirá um processo de reforma. A aeronave possui suíte presidencial, chuveiro, um espaço reservado com duas mesas e oito cadeiras, e capacidade para acomodar 16 pessoas, além da tripulação, totalizando 39 passageiros.
Por outro lado, o A330-200 tem capacidade para cerca de 250 passageiros, dependendo da configuração. É uma aeronave de grande porte, com autonomia de voo de até 16 horas, de acordo com um militar envolvido nas discussões. A FAB defende que Lula utilize a nova aeronave apenas em voos de longa distância.
A FAB já vinha discutindo a substituição da aeronave presidencial por um modelo mais novo e com maior autonomia de voo. No entanto, o projeto foi acelerado após a viagem de Lula ao Japão, na qual foram necessárias duas escalas em Guadalajara (México) e no Alasca (EUA). Essa rota tornou-se cansativa para o presidente, que tem 77 anos, além de gerar maiores custos com tarifas aeroportuárias e aumentar os riscos à segurança.
Lula já teve a oportunidade de voar no A330-200 sem as adaptações desejadas. Em fevereiro, ele realizou o trajeto entre Brasília, Rio de Janeiro e Washington. Além do “Aerolula”, o presidente tem à disposição uma frota de aviões e helicópteros do Grupo de Transporte Especial (GTE) sediado em Brasília. Questionada pelo O GLOBO, a FAB confirmou que está estudando o assunto.