Diante das derrotas consecutivas em votações na Câmara dos Deputados, membros do PT têm considerado a possibilidade de estabelecer uma base de apoio própria, visando reduzir a dependência em relação às habilidades de articulação do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Uma das propostas em discussão é a tentativa de atrair parlamentares de partidos como União Brasil, PP, PL e Republicanos, com o intuito de se afastar do atual presidente da Câmara e formar uma base mais sólida para futuras votações.
Membros do PT afirmam que Arthur Lira incentivou a gestão do presidente Lula a adotar essa estratégia ao declarar, após a votação da MP dos Ministérios, que o governo teria que “andar com as próprias pernas”. Uma parcela do PT argumenta que os fracassos recentes demonstram que a estratégia de terceirizar a articulação política para Lira não funcionou. Eles consideram importante formar um grupo próprio ou até mesmo um bloco governista.
Porém, há resistência interna em relação a essa ideia. Carlos Zarattini (PT-SP) afirma que isso seria o fim do governo. Segundo o deputado, a estratégia adequada seria ouvir os deputados que atualmente compõem os partidos aliados, identificar os problemas e resolvê-los. É necessário falar com cada um deles e cuidar da base.
Os parlamentares destacam a importância de ter cuidado para que a busca por maior autonomia em relação a Lira não o transforme em um opositor, relembrando o trauma da ruptura entre Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Cunha em 2015, que abriu caminho para o impeachment da presidente no ano seguinte.
Lira ainda está enfrentando pressão após a operação da Polícia Federal que teve como alvo um de seus aliados na última quinta-feira (1). Segundo aliados, sua irritação pode levá-lo a se distanciar do Executivo.