A Câmara dos Deputados adiou a votação da Medida Provisória sobre a reestruturação da Esplanada dos Ministérios, marcada para esta terça-feira (30).
Com apoio de líderes do centrão, o risco dos parlamentares derrubarem a proposta de organização do governo Lula ganhou força. Caso fosse rejeitada, a estrutura voltaria a ser a do ministério anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O texto perde validade na noite de quinta-feira (1), portanto ainda pode ser votado no Senado apenas nesta quarta-feira (31) e quinta. Porém, o presidente da Câmara, Arthur Lira, anunciou em plenário que a votação da medida será feita na manhã desta quarta.
A derrubada da MP da Esplanada forçaria as formações de ministérios conforme a gestão de Bolsonaro. Isso significa que pastas como a dos Povos Indígenas, da Cultura e da Igualdade Racial estão em risco, já que foram instauradas em janeiro deste ano.
“O enfraquecimento de qualquer Ministério que está diretamente ligado às pautas sociais é o enfraquecimento da nossa democracia”, publicou o Ministério da Igualdade Racial. “Vamos trabalhar para que o nosso país seja forte, para que nosso povo seja forte, para que nossas florestas estejam de pé, cada vez mais.”
O presidente da Câmara recebeu aliados em seu gabinete por volta das 21h30, e afirmou que a votação da MP seria nesta terça, porém acabou adiando.
O que poderia resultar na rejeição à formação de ministérios de Lula era a insatisfação de partidos como PP, Republicanos e União Brasil, com o governo. E, além disso, a votação atendia a pleitos do centrão, como o desmonte de pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas.
O esvaziamento dessas pastas facilita o avanço de medidas dos partidos com interesses contrários à elas, por exemplo, em relação à exploração da Foz do Amazonas e a demarcação do marco temporal – duas questões que enfrentam impasses entre figuras políticas e ministérios atualmente.
O Planalto passou a apoiar esse modelo, com a tentativa de afastar o risco da derrubada da MP, mas o clima na Câmara foi de não blindar o texto das insatisfações com o governo, segundo a Folha de S. Paulo.
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