Em meio à crise política que se instaurou entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados, há diferentes percepções sobre as camadas dessa complexa indefinição em relação aos rumos do governo federal e, por que não dizer, do Brasil.
Enquanto alguns culpam a articulação política, a bancada do agronegócio e até mesmo a agenda internacional do presidente Lula, a vice-liderança da federação Brasil da Esperança, composta pelo PT, PCdoB e PV, representada por Ana Pimentel (PT-MG), tem uma visão particular sobre a conjuntura no Congresso Nacional.
Segundo a deputada, o governo Lula começou com a apresentação de políticas e a retomada de medidas que se mostraram muito eficazes nos primeiros governos petistas, apresentando-as por meio de medidas provisórias, tudo visando atender ao programa eleitoral eleito no ano passado, que, nas palavras dela, é uma política que de fato seja democratizante e que construa igualdade no país.
E, segundo ela, uma parte considerável do centrão fez campanha para Bolsonaro no ano passado e agora quer impedir que o governo consolide essas políticas, aprove essas políticas na Câmara e, portanto, impeça que o governo execute esses projetos para os quais ele foi eleito.
Na avaliação da deputada, isso faz parte do processo de impedimento da execução de qualquer projeto que seja democrático e que promova justiça social e igualdade. Segundo ela, isso está bem explícito, uma vez que parte da Câmara está impedindo até mesmo o governo de trabalhar com o planejamento ministerial previsto no início do ano, a fim de que possam consolidar um projeto de país vencedor.
Para ela, um exemplo dessa articulação é o fato de o Partido Liberal (PL) ter defendido a obstrução na votação do Bolsa Família e, depois que eles perceberam que era incontornável e que teriam um ônus político significativo, eles retiraram a obstrução, inclusive votando juntos.
A deputada foi enfática ao afirmar que tudo isso seria uma tentativa de um terceiro turno.