CPI do MST: Sessão Encerrada Após Governador de Goiás Mandar Deputado ‘Calar a Boca’

A sessão desta quarta-feira da CPI do MST foi encerrada após uma discussão acalorada entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e o deputado Paulão (PT-AL). Caiado exigiu respeito do parlamentar após ser questionado sobre seus doadores de campanha. Antes disso, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) levantou preocupações sobre os doadores de campanha de Caiado supostamente estarem envolvidos em investigações de tráfico de drogas. Caiado negou as acusações e mandou o deputado “calar a boca”.

“Cale a boca enquanto estou falando. Não faço parte das suas malandragens. Vim aqui para falar sobre o MST e vocês (apoiadores do governo) querem falar dos números de CPF das pessoas. Mostre um pouco de respeito”, disse o governador.

Os parlamentares governistas se levantaram de suas cadeiras e, diante da troca de acusações generalizada, o presidente da CPI, Tenente-Coronel Zucco (PL-RS), decidiu encerrar a sessão. O relator, Ricardo Salles (PL-SP), também pediu o fim da sessão. A reunião, aliás, já havia sido marcada por confrontos entre parlamentares do governo e da oposição antes mesmo de começar.

Discussão com a Oposição

As deputadas do PSOL, Sâmia Bomfim (SP) e Talíria Petrone (RJ), tiveram cinco questões de ordem negadas pelo presidente do colegiado, Tenente-Coronel Zucco (PL-RS), que cedeu a palavra a outros deputados.

Uma ativista de esquerda, identificada como Líbia Bellucci, diretora do sindicato dos enfermeiros do Rio de Janeiro, manifestou-se em defesa das deputadas, e o presidente da CPI pediu aos seguranças que a retirassem. As deputadas se colocaram na frente e impediram sua saída. Ficou acordado que ela poderia permanecer no plenário, desde que permanecesse em silêncio. Em um segundo momento, a ativista foi expulsa do plenário.

As duas deputadas se levantaram de suas cadeiras e tiveram que elevar o tom de voz, já que seus microfones foram desligados e seus pedidos foram negados. Apesar dos apelos, as deputadas não puderam discutir, por exemplo, sobre os dias em que as sessões da CPI são realizadas atualmente. Durante todo esse tempo, o governador de Goiás permaneceu rindo dos apelos das deputadas (veja vídeo). Em resposta às deputadas, Zucco disse:

“Se você tiver alguma consideração, dirija-se ao presidente da Casa, deputada. Sua questão de ordem é negada”, afirmou ele, solicitando que as próximas questões de ordem se baseassem em artigos do Regimento interno da Casa e se limitassem ao tema da sessão em curso.

O deputado Abílio Brunini (PL-MT) colocou-se à frente das deputadas, impedindo-as de ver a sessão e ter contato visual com Zucco e Caiado. A manifestante que acompanhava as parlamentares se manifestou e recebeu uma ordem de Zucco para ser retirada pelos seguranças da CPI. Sâmia e Talíria colocaram-se à frente e impediram que os seguranças a retirassem.

O Ministério Público Federal (MPF) considerou que a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) foi vítima de violência política de gênero durante as sessões da CPI do MST. O MPF acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) e afirmou que a conduta de Zucco na comissão configura crime de acordo com o Código Eleitoral. A procuradora Raquel Branquinho, responsável pelo grupo de trabalho do MPF sobre violência política de gênero, pediu à PGR que instaure uma investigação e ouça a deputada Sâmia Bomfim, bem como as testemunhas presentes no momento. Ela também solicitou a preservação de vídeos e gravações do local onde ocorreram os fatos, entre outras medidas.

Assim, a sessão da CPI do MST foi encerrada devido ao acalorado bate-boca entre os parlamentares e às acusações trocadas. Além disso, houve confrontos entre parlamentares e ativistas presentes na sessão, resultando em denúncias de violência política de gênero. O caso foi encaminhado ao Ministério Público para investigação e apuração dos fatos.

Ruann Lima: Paraibano e Estudante de Jornalismo na UFF
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