Por Deutsche Welle
“Propaganda” da mídia internacional, direitos LGBT, oposição “terrorista” estiveram entre alvos do presidente da Turquia. Putin foi um dos primeiros a parabenizarem o “amigo querido”, seguido por Zelenski e Biden.
Antes mesmo de todas as urnas terem sido apuradas, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, já se declarara vencedor. Falando a uma multidão na capital Ancara, no fim da tarde deste domingo (28/05), ele agradeceu a todos que lhe haviam possibilitado seguir governando a Turquia nos próximos cinco anos.
Referindo-se a uma “vitória da democracia”, em que ninguém perdera, o político de 69 anos prometeu estar do lado de seus apoiadores “até o túmulo”. E, como durante a campanha, passou a atacar lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.
“Meus irmãos, esse CHP não é a favor de LGBT?”, incitou, referindo-se ao Partido Republicano do Povo (CHP), de seu adversário no segundo turno do pleito presidencial, Kemal Kilicdaroglu. Em sua própria aliança eleitoral, não há uma coisa dessas, frisou Erdogan.
O conservador muçulmano acusou os meios de comunicação estrangeiros de propaganda política: periódicos alemães, franceses e ingleses teriam tentado “derrubá-lo”, mas não conseguiram. “Vocês viram os joguinhos sujos!”, afirmou aos cidadãos reunidos diante do palácio presidencial.
Kilicdaroglu: “eleição mais desleal em anos”
Segundo os resultados parciais, Erdogan obteve mais de 52% dos votos, contra cerca de 48% para o social-democrata Kilicdaroglu. A oposição concorreu com uma aliança de seis partidos, inédita na história turca, a qual, além da democratização do país, prometia adotar linha dura contra os refugiados.
Antes, nunca houvera na Turquia um segundo turno numa eleição presidencial. No primeiro, duas semanas antes, o mandatário ficou menos de cinco pontos porcentuais à frente de Kilicdaroglu e pouco abaixo da maioria absoluta.
Na opinião do candidato do CHP, tratou-se do pleito mais desleal em anos. De fato, além de deter o controle da mídia, Erdogan pôde empregar recursos estatais. Houve ainda relatos de irregularidades no escrutínio, que no entanto não alterariam os resultados.
Mais uma vez, o presidente acusou a oposição de vínculos com o terrorismo, que agora ele pretende combater com mais rigor em sua terceira década no poder. Também prometeu dominar a alta inflação no país – pela qual, no entanto, economistas responsabilizam sua política econômica antiortodoxa.
A moeda turca, que já se desvalorizou mais de 6% desde o início do ano, seguiu caindo após o fechamento das urnas, chegando a quase bater o recorde negativo, de 20,06 liras por dólar, registrado na sexta-feira.
Líderes mundiais saúdam
Entre os primeiros a saudarem o presidente reeleito, esteve seu homólogo russo, Vladimir Putin, chamando Erdogan de “querido amigo” e definindo o resultado das urnas como confirmação de sua “política externa independente”. Estado-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mesmo após a invasão da Ucrânia pela Rússia a Turquia mantém relações tanto com Moscou e Kiev quanto com a União Europeia.
Em seguida, o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelenski, declarou que aposta na “parceria estratégica” entre seu país e Ancara, esperando que, juntos, ambos contribuam para o fortalecimento da segurança e estabilidade na Europa.
Ao congratular Erdogan no Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, evitou referir-se às tensões mais recentes nas relações bilaterais: “Alegro-me de seguir cooperando, na qualidade de aliados da Otan, em assuntos bilaterais e desafios globais comuns.”
Também a Otan e a UE saudaram Erdogan por sua reeleição. O secretário geral da aliança atlântica, Jens Stoltenberg, disse estar antecipando a continuação da colaboração e os preparativos para a cúpula da Otan em julho, na capital da Lituânia, Vílnius. Da pauta consta o bloqueio do ingresso da Suécia no grêmio por parte de Ancara.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o do Conselho Europeu, Charles Michel, asseguraram que pretendem seguir impulsionando a consolidação das relações entre a UE e a Turquia. Isso é de “significado estratégico” para ambas, “pelo bem dos nossos povos”, enfatizou Von der Leyen.
av (AP,AFP,Reuters,DPA)
Nelson
30/05/2023 - 13h33
Não é surpresa, mas entediante, maçante, fastidioso, enfadonho.
Nosso comentarista comparece outra vez com um palavreado bem ao gosto do governo dos Estados Unidos.
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Como, em algum momento, Erdogan ousou se contrapor aos interesses do grande país do norte, nosso comentarista mete o pau nele sob o pretexto de ser um ditador. Se Erdogan se limitasse a sempre obedecer regiamente às ordens dos EUA, nosso comentarista nem ligaria para a eleição na Turquia.
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Já fiz este questionamento antes e vou repeti-lo. Seria demasiado perguntar qual é a desse comentarista?
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Ele sempre escreve de acordo com o que quer o governo dos EUA porque é um candidato a receber um soldo da CIA?
Ou ele escreve de forma tão sabuja porque já está a receber tal soldo?
Stalingrado
29/05/2023 - 21h41
A Turquia mostrou sua independência, mesmo sob ataque econômico dos EUA contra sua economia da nesma forma que os EUA fizeram com a Venezuela e com a Argentina
O estrangulamento financeiro que os EUA provocam em outros países por ter o domínio do dólar, está com os dias contados.
Salve Edorgan!
EdsonLuíz.
29/05/2023 - 20h20
Pobre Turquia,
………da qual eu sempre vou ter saudades, mesmo sem lá nunca ter ido.
Sob Tayyip Herdogan, a Turquia acaba muito parecida com a Argentina dos Kirchener’s, com a Venezuela do chavismo e, de vários modos, com o Brasil de Jair Bolsonaro e de Lula.
Mas, onde você estiver, força Ayla, que nada é para sempre!*
*No caso de Herdogan, felizmente tudo um dia acaba; já em certos outros casos, como seria bom se durasse para sempre!