Gilberto Maringoni: A última capa da Veja é a expressão de uma rendição

Por Gilberto Maringoni

A capa da revista Veja desta semana estampa o ministro da Fazenda Fernando Haddad. É a segunda vez em dois meses que o ministro recebe esse destaque da publicação.

Divulgação/VEJA

A REVISTA VEJA FAZ AGUERRIDA E SUJA campanha contra Lula e o PT desde 2004. Foram dezenas de capas e reportagens mentirosas praticamente exigindo que ambos fossem riscados da vida pública.

Veja não é mais da editora Abril, mas segue a mesma linha de panfleto da extrema-direita. Abraça e dá espaço aos seus e aos seus interesses.

TAMANHOS ESPAÇOS DADOS ao ministro Haddad expressam a concordância da revista com o novo arcabouço fiscal, medida destinada a estrangular contas e serviços públicos em favor da alta finança.

Não é a “solução possível” numa correlação de forças adversas. Fosse assim, o ministro teria também aberto discussão sobre uma medida que afeta todo o povo brasileiro com representantes, de entidades, movimentos e organizações populares. Não foi o que aconteceu.

O ministro articulou e bateu o martelo sobre o arcabouço com gente com a qual tem algum tipo de afinidade.

O ARCABOUÇO FOI ACERTADO nos seus finalmentes pelo ministro Haddad e pelo secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, em almoço terça-feira (23) na casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

O encontro foi articulado pelo ex-ministro das Comunicações do governo Jair Bolsonaro, Fabio Faria, hoje diretor de Relações Institucionais do BTG e pelo deputado Elmar Nascimento (União-BA), provável sucessor do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que também compareceu ao ágape.

Além desses, participaram Rubens Menin (MRV), André Esteves (BTG), Rubens Ometto (Cosan), Flavio Rocha (Riachuelo), Josué Gomes (Fiesp), Carlos Sanchez (EMS), Lucas Kallas (Cedro), João Camargo (Esfera), Ricardo Faria (Granja Faria), Benjamin Steinbruch (CSN), Isaac Sidney (Febraban) e Rodrigo Maia (CNF).

Nenhum representante de trabalhadores ou movimentos sociais e nenhuma mulher, negro ou indígena foi convidado. As informações são da jornalista Maria Cristina Fernandes.

“CINCO HORAS DEPOIS [do final do almoço], o arcabouço fiscal arrancaria 372 votos. Foram 115 votos a mais do que precisava. Muito mais do que Haddad previa e até do que mudança constitucional exige (308)”, escreve ela.

Nenhuma argumentação “técnica” em favor do arcabouço pode tirar de cena a comilança realizada naquela mansão da Península dos Ministros, no Lago Sul, um dos metros quadrados mais caros do Brasil.

A CAPA DE VEJA é a viva expressão da rendição política e ideológica do dirigente de um governo de centroesquerda aos donos do dinheiro no Brasil. Aos que mandam no Estado. É o troféu que Fernando Haddad recebe por possibilitar a trava nos investimentos e gastos públicos que deveriam ser usados para cumprir promessas feitas pela chapa vencedora nas eleições de 2022.

O governo Lula deve ser apoiado firmemente pelos democratas, pois a alternativa a ele é o fascismo. Deve ser apoiado apesar de quase tudo.

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