Segundo a jornalista Bela Megale, do O Globo, reservadamente, o ex-presidente Jair Bolsonaro não esconde o descontentamento com seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid – preso desde o dia 3 de maio após a operação Venire. Em público, Bolsonaro tem evitado criticar o militar.
Diversos aliados têm ouvido repetidamente do ex-presidente, com um tom irritado, a afirmação de que Cid agiu sozinho no caso da falsificação do cartão de vacinas e, portanto, deve arcar com as consequências. Os auxiliares mais próximos de Bolsonaro também seguem a mesma linha e argumentam que o ex-presidente expressou seu descontentamento com o que ele chama de “excesso de proatividade” por parte do ex-ajudante de ordens.
Durante seu depoimento à Polícia Federal no caso das vacinas, Bolsonaro colocou Cid em uma saia justa ao afirmar que era o tenente-coronel quem gerenciava sua conta no aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, até o final de dezembro do ano passado. O ex-presidente também alegou que desconhecia qualquer esquema de fraude nos certificados de vacina e afirmou que, se algo aconteceu, foi sem seu conhecimento.
Ainda segundo o jornal, as falas de Bolsonaro são vistas por membros do Partido Liberal (PL), e de partidos aliados como um abandono ao apoiador, algo considerado uma marca do ex-presidente. De acordo com fontes próximas a Jair, o ex-presidente teve uma postura parecida com a prisão do ex-ministro Anderson Torres – especialmente após uma minuta de golpe ser encontrada.