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A oposição é o centrão

Depois de uma semana lotada de boas notícias para o governo federal, mal chegamos na quarta-feira e já dá para afirmar que o governo enfrentará uma semana difícil. O Bolsa Família atingiu maior valor médio da história em maio, R$ 672 reais, 38% superior aos R$ 486 do ano passado, lançou o novo PAC, reduziu […]

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Depois de uma semana lotada de boas notícias para o governo federal, mal chegamos na quarta-feira e já dá para afirmar que o governo enfrentará uma semana difícil.

O Bolsa Família atingiu maior valor médio da história em maio, R$ 672 reais, 38% superior aos R$ 486 do ano passado, lançou o novo PAC, reduziu o preço do gás de cozinha e combustíveis e se prepara para a reforma tributária.

Mas nada disso parece ajudar o governo a ter o mínimo de governabilidade já que líderes do Congresso Nacional articulam durante esta semana mudanças na MP (medida provisória) que remodelou a estrutura administrativa da Esplanada dos Ministérios no início do 3º governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na prática estão inviabilizando o governo do presidente Lula e a maneira como ele pensou em governar

Já na discussão do novo marco fiscal, o Congresso está há um passo de criminalizar a própria política fiscal do governo e solapar as poucas conquistas dos últimos anos.

E por qual motivo isso ocorre? Seria uma demonstração cabal de força dos bolsonaristas que estão fortalecidos e amparados por uma grande articulação comandada por Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto e Steve Bannon? Não!

A oposição, mesmo sendo maioria, não conseguiu sequer mudar o nome da CPI do MST ou o foco das investigações da comissão. E para completar, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) ainda levou uma carraspana daquelas da Samia Bomfim. No seu primeiro dia de trabalho a CPI apareceu nos noticiários apenas para reverberar as sandices mais absurdas da extrema direita.

Já na audiência da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), o senador Magno Malta (PL-ES) questionou ainda onde estariam os defensores da causa animal pela “exposição” aos macacos ao falar sobre os ataques sofridos pelo jogador de futebol Vini Jr.

E isso é para vocês verem, atônitos, a fracassada articulação da oposição.

Mas então, se “não existe oposição”, a que se deve as derrotas do governo? Oras! Para aqueles que afirmam não serem oposição: o centrão!

O governo achou que bastava o Supremo Tribunal Federal (STF) acabar com o orçamento secreto, que seria possível realizar política à moda antiga com ministérios e cargos, ledo engano!

Acontece que os parlamentares do centrão estão sofrendo de abstinência de emendas e querem acima de tudo garantir pedaços cada vez maiores do orçamento. E se não bastasse isso, algo que poderia “acalmar” os famintos, que são os cargos na administração federal estão todos paralisados, são mais de centenas de indicação esperando alguma destinação da Casa Civil.

E a imensa gama de legendas sem agenda clara e apenas desesperadas por verbas públicas, dificulta e até mesmo inviabiliza qualquer tipo de negociação séria e infelizmente o governo não está conseguindo se blindar disso.

E é por isso que o Congresso está inviabilizando o governo, pois o orçamento secreto nasce do objetivo do Bolsonaro de não governar, deixar as “coisas chatas” da política de lado e criar uma espécie de parlamentarismo de emendas, colocando Arthur Lira (PP-AL) como uma espécie de primeiro ministro e ele como a Rainha da Inglaterra.

Acontece que Lula quer governar, quer se envolver com as “coisas chatas” da política e quer de fato ser o presidente do Brasil e isso irrita os parlamentares do centrão já que um dos marcos da terceirização do governo Bolsonaro resultou numa baixíssima execução orçamentária por parte do governo federal permitindo fatias cada vez maiores do orçamento.

E como Lula é o oposto do Bolsonaro nos mais diversos aspectos, os observadores mais atentos no Congresso sabem que a baixa execução orçamentária não será uma realidade como era até o ano passado.

Além disso, não faltam reclamações de parlamentares da própria base governista reclamando de uma falta de diálogo com o próprio governo ou até mesmo dificuldade para falarem com os Ministros do governo. Não por menos, recentemente uma importante liderança petista se queixou do fato do Ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) não estar presente em Brasília numa quinta-feira.

Já uma outra fonte, próxima de uma importante liderança do senado, fez questão de pontuar que o “festival de CPIs” no Congresso Nacional é mais uma das várias artimanhas do presidente da Câmara, Arthur Lira, para chantagear e inviabilizar o governo.

Sem falar do desperdício de esforço e tempo com “alianças” que não estão dando certo. Hoje, todos os ministros indicados pelo União Brasil são focos de problema no governo. O próprio Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, desapareceu durante as discussões do PL 2630, tema da pasta que governa.

Hoje mesmo, durante a CPI do MST, um deputado do União Brasil não apenas chegou elogiando o deputado Ricardo Salles (um extremista) e já emendou detonando pra cima do governo.

Só lembrando que o UNIÃO tem 3 ministérios no governo e até o momento não entregou sequer os votos prometidos. Isso sem falar das emendas indo para as bases desses mesmos parlamentares que hoje inviabilizam o governo e que garantem a sua reeleição.

E tudo isso, por enquanto é ignorado. E se não bastassem os problemas externos, o governo também não faz o menor esforço para se livrar dos problemas internos, um deles, general Amaro, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e que vive dando entrevistas e declarações sempre que o presidente saí do Brasil, numa clara tentativa de atropelar o governo.

Está na hora do governo falar um pouco menos de guerra na Ucrânia, viagens internacionais, chamar todo o time para o vestiário e se organizar.

Certamente falta ao governo entender que a oposição de verdade é o centrão.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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