O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), voltou a especular que foi vítima de vingança política e disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quis agradar o governo Lula ao cassar seu mandato parlamentar. A declaração foi dada em entrevista ao UOL.
“Vemos um governo de vingança e, mais uma vez, os ministros e pessoas que têm ambição de poder vão dançar a música que o governo toca”, disse o político cassado.
“A disputa por vagas no Supremo Tribunal Federal é uma das mais acirradas do país e quem vai ser escolhido depende muito da voz do presidente. Muitas pessoas vão tentar agradar o rei da ocasião para conseguir seus favores e benesses”, prosseguiu.
“Eu escutei isso. É uma questão que não posso afirmar, eu não vou ter prova. Mas uma questão que pode ser dirigida ao ministro Gilmar Mendes e deve ser perguntado para ele se, no dia da minha cassação, no dia anterior, ele visitou gabinetes em Brasília, de outras pessoas, outros políticos, pessoas poderosas, para articular minha cassação”, emendou.
“Essa é uma questão legítima que deve ser endereçada a ele. Se no dia da minha cassação ele visitou gabinetes com esse objetivo. Se ele ligou para ministros para buscar fazer com que o processo contra mim no Tribunal de Contas avançasse e não fosse barrado”, completa.
carlos
22/05/2023 - 21h10
É atribuição da justiça eleitoral, cassar qualquer, candidato que não preencher os requisitos legais, para inscrever ao cargo de deputado agora no Brasil virou casa de caridade, do deltan dallangnol, foi alcançado, pelo braço da lei eleitoral, ele pelou um porco não ter ficado inelegível.
Alexandre Neres
22/05/2023 - 21h01
Na cova dos leões – ANGELA ALONSO
Folha de S. Paulo
Religiosização da política só interessa a um lado, o da direita
O pastor pregava numa igreja Batista: “Neemias agiu. Se nós queremos mudar o sistema, precisamos orar, agir e apoiar medidas contra a corrupção”.
Era 2015, e Neemias foi do Velho Testamento ao sermão para justificar o avanço religioso sobre a política. Ao murar a cidade sagrada de Jerusalém, servira a dois senhores, o estado terreno (governou a Judeia) e o reino divino. Quem buscou o exemplo foi Deltan Dallagnon, que tinha 35 anos e uma missão.
Como a missão lava-jatista se cumpriu, é prudente atentar para suas profecias.
A mais recente veio em reação ao tuíste digno das narrativas bíblicas, quando o moralizador foi pego de moral curta. Legítima ou espúria, a cassação deu-lhe outro púlpito, o de perseguido.
Em meio a cartazes de “Perseguição política não é justiça”, discursou no estilo em que fez carreira, com a Bíblia e a Constituição confundidas.
A retórica cristã tem sido seu trunfo na trajetória curta entre a obscuridade paranaense e a luminosidade de Brasília. Daí equiparar sua sina às de José e Daniel.
O primeiro, vendido pelos irmãos como escravo, permitiu-lhe sintonizar com o grande mote contemporâneo da direita, o da primazia da liberdade.
O segundo lhe deu a camisa do crente, salvo da pena injusta pelo poder da fé. Trata-se de Daniel, acusado de traição ao rei por orar a Deus. O soberano pôs a divindade concorrente à prova, trancando o infiel numa cova com leões. O salvamento foi por graça divina.
Já os acusadores provaram a inclemência terrena, devorados pelos felinos. Uma mensagem de revanche: Dallagnol está na cova, mas quando sair, condenará os inimigos ao suplício.
À diferença de Daniel, vai comboiado à vingança. O protesto contra sua cassação ajuntou do 03 à deputada de tiara de florzinha, a que votou contra a equiparação salarial entre os gêneros e insinuou usar metralhadora contra Lula.
O ato de desagravo exibiu uma arca da aliança, que o pastor chamou de “a direita unida contra a arbitrariedade”. Nela cabem muitos pecadores.
A cruzada moral é para salvar um mundo corrompido desde a expulsão do Paraíso.
Exemplos religiosos e ações políticas se embaralham, enraizando a moralidade pública em uma moral privada particular, de tipo religioso. Avoca o monopólio da honra e da correção à sua igreja política, já os adversários seriam todos corrompidos.
Os últimos anos mostraram o poder político desta retórica moralizadora, que opõe impolutos e conspurcados. Suscitou nada menos que paixão nacional. Por isso o “tombo”, palavra do caído, serviu para regar o terreno laico da política partidária com os valores de uma seita.
Dallagnol, como Daniel, vive uma provação, mas promete voltar fortalecido, graças à fé em Deus e nas “344 mil vozes caladas”, as dos eleitores que o sufragaram. Não na Constituição.
A língua religiosa da oposição acabou na boca do governo, que devia ser laico. O ministro da Justiça se saiu com o evangelho de Mateus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!”
Ao adotar a linguagem do inimigo, aceita-se o debate político nos seus termos. E se cai na armadilha de falar mais de moral que dos problemas do país.
A religiosização (com perdão do neologismo) da política só interessa a um lado. A direita se move desenvolta nesse léxico. E, ao fundamentar seus atos em citações sagradas, prossegue a política nos termos de seu velho Messias.
Ronei
22/05/2023 - 20h44
O STF já é um tribunal político há anos e Gilmar é de longe o mais ignorante da turma.
O que levou a isso é o cargo vitalício que estes Trogloditas ganham dos políticos, sabem que qualquer coisa fizerem não irá acontecer nada e que ficarão sentado na cadeira fedorenta para sempre.
A democracia precisa de constante oxigenação e quem permite este apodrecimento geral do Brasil são os brasileiros que notoriamente não brilham por inteligência…