No encontro, foi explicado que os caminhoneiros não pagariam mais o preço do diesel como se estivesse sido comprado em dólar, mas sim com custo nacionalizado
Um dia após o anúncio da nova política de preços de combustíveis no país, representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e lideranças dos caminhoneiros autônomos reuniram-se, na terça-feira, 17, com o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, a fim de discutirem os possíveis impactos da medida sobre os preços do óleo diesel.
O novo instrumento, que substituirá a política de preço de paridade de importação (PPI), fará com que o consumidor pague o preço dos combustíveis levando em consideração os custos nacionais de produção.
“Com o fim do PPI, teremos redução nos preços dos combustíveis, com reflexos positivos para a economia e para a redução da inflação, que é fortemente pressionada pelos combustíveis. Direta e indiretamente os combustíveis têm impacto de 40% na inflação, segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Aumenta o diesel, aumentam frete, comida, vestuário, transporte”, destaca Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, que participou do evento.
Ele observa que os caminhoneiros vêm sofrendo com o aumento dos preços do diesel há anos. Desde a implantação do PPI, em outubro de 2016, o preço do diesel, na refinaria, subiu 121,5%. Somente no período Bolsonaro (janeiro de 2019 a 1º de janeiro de 2023), a alta foi de 203,6%, segundo dados da Petrobrás.
No encontro, o presidente da Petrobrás se comprometeu a adotar medidas para restabelecer contratos com cooperativas de caminhoneiros autônomos, visando a volta da prestação de serviços à estatal. O governo Bolsonaro cortou os contratos da Petrobrás com essas cooperativas, a fim de privilegiar as grandes transportadoras, apoiadoras do ex-presidente.
A questão será analisada pelo diretor de Logística, Comercialização e Mercados da companhia, Claudio Romeo Schlosser. Será criado um canal de comunicação direto entre a Petrobrás e as lideranças da categoria.
Do poço ao posto
Durante a reunião, o presidente da Petrobrás falou sobre a retomada do fortalecimento do refino no país e informou que, desde o início do governo Lula, o fator de utilização (FUT) das refinarias aumentou. Em janeiro último, o FUT estava em 78%, hoje chega a 90%. Prates também falou sobre possível retomada, pela Petrobrás, dos segmentos de comercialização e distribuição de combustíveis, além de ampliar a capacidade de refino com diesel renovável (Diesel R), nas unidades de coprocessamento nas refinarias Abreu e Lima (Rnest, em Ipojuca/PE), Presidente Getúlio Vargas (Repar, em Araucária/PR), Presidente Bernardes (RPBC, em Cubatão/SP) e Refinaria de Paulínia (Replan, em Paulínia/SP).
Bacelar lembra que todas as grandes petroleiras do mundo são verticalizadas, para garantir que um segmento cubra o outro em momentos de volatilidade do mercado. “A Petrobrás saiu de vários segmentos do mercado, desde 2016, com a ideia equivocada de se tornar apenas uma exportadora de óleo cru. Isso é um risco estratégico para a empresa”.
Com a venda de ativos importantes – como a BR Distribuidora, a Liquigás, campos de petróleo e gás natural, transportadoras de gás natural, termelétricas e usinas eólicas -, a gestão anterior da Petrobrás transformou a empresa numa mera produtora e exportadora de petróleo. “Agora é a hora de a Petrobrás reforçar sua posição integrada e verticalizada, do poço ao posto, como são as grandes petroleiras do mundo, fortalecendo suas operações nos diversos segmentos da cadeia de petróleo, gás natural e energia, gerando empregos, negócios e renda, investindo em alta tecnologia e na capacitação de seu corpo técnico, assim como fortalecendo a indústria brasileira fornecedora de bens e serviços”, completa o dirigente da FUP.
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