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‘Infelizmente o ódio é rentável no país’, diz secretária dos direitos LGBTQIA+

Após o dia internacional contra a homofobia, transfobia e bifobia, nesta quarta-feira (17), a secretária nacional de defesa dos direitos LGBTQIA+ do governo Lula, Symmy Larrat, reforçou a ideia de que políticos e empresas lucram com o discurso preconceituoso frente à impunidade. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela afirmou que as falas homofóbicas […]

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Foto: Clarice Castro/MDHC

Após o dia internacional contra a homofobia, transfobia e bifobia, nesta quarta-feira (17), a secretária nacional de defesa dos direitos LGBTQIA+ do governo Lula, Symmy Larrat, reforçou a ideia de que políticos e empresas lucram com o discurso preconceituoso frente à impunidade.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela afirmou que as falas homofóbicas e transfóbicas se perpetuam na sociedade, porque políticos, meios de comunicação, redes sociais e segmentos da indústria tem uma parcela de lucratividade com esse tipo de discurso.

A conscientização sobre o tema entra em confronto com a continuidade de mensagens preconceituosas, por exemplo, no próprio Congresso, feitas por agentes públicos.

É o caso de Nikolas Ferreira (PL-MG). Em 8 de março, Dia da Mulher, o deputado fez um discurso transfóbico usando peruca no Congresso, o que ganhou atenção da mídia e das redes sociais. 

Em meio a série de projetos de lei prejudiciais à população LGBTQIA+, esses episódios, segundo Larrat, “servem para engajar seguidores, sua base eleitoral e financiadores de campanha, mas isso só funciona em um ambiente de impunidade”, declarou à Folha.

A secretária, que defende a regulamentação das mídias digitais, também critica as redes sociais que atuam como espaços de propagação de discurso de ódio, bem como as redes de rádio e televisão – concessões públicas que, por vezes, reproduzem o preconceito.

“A gente defende que esse espaço [de concessão pública de TV] seja democrático, que tenha liberdade de expressão, mas que não tenha a promoção do ódio”, afirmou.

Os temas ligados ao universo LGBTQIA+ são vetados com os ataques na esfera pública. O que poderia ser um espaço para discussão de melhorias e garantia de direitos, torna-se um debate preconceituoso ou sem fundamentos para além da discriminação. Um dos assuntos citados é a participação de atletas trans no esporte.

No final de março deste ano, a Federação Internacional de Atletismo proibiu a participação de pessoas trans nas competições, o que reacendeu o debate sobre isso em todas as modalidades além do atletismo. No Brasil, a jogadora de vôlei Tiffany já foi alvo de projetos de lei para proibi-la de competir na modalidade feminina, relembra a reportagem.

Para Larrat, a discussão no âmbito esportivo hoje é moral, mas precisava ser científica, mas faltam estudos para realmente subsidiar o tema. A secretária dá exemplo das decisões serem pautadas em argumentos de “equalizar as disputas” ou “proteger a categoria feminina de possíveis injustiças”, quando, na verdade, não se tem dados suficientes que provem as vantagens de desempenho de atletas trans nestes segmentos.

“Toda uma indústria se beneficia quando não promovem os caminhos necessários para enfrentar esse debate. A gente precisa produzir ciência nesse campo. A indústria [farmacêutica] não investe em pesquisa para promover uma transição de gênero”, afirma Larrat a respeito da inexistência dos hormônios específicos para a transição. Os usados atualmente são compostos com outras finalidades. “[a industria] atua sobre o lucro, não sobre o cuidado “, diz.

A secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania crê que a conscientização dos discursos e ações preconceituosas deva ser combatida com veemência.

“Infelizmente o ódio é rentável no país. Precisamos construir uma descapitalização do ódio e construir uma lucratividade das pautas de direitos humanos como contraponto”, conclui.

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