O senador e presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira (PI), afirmou que tem um ”carinho enorme” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu aliado no passado.
Porém, o pepista disse que vai continuar fazendo oposição ao governo popular do petista. Por outro lado, ele admitiu que o PP está “um pouco dividido” e que parte da bancada do partido no Congresso já quer ser da base governista.
Na avaliação de Nogueira, Lula ainda não tem uma base sólida no Congresso e se tornou dependente do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para alcançar os votos necessários para a aprovação de projetos de interesse do Planalto.
“Tenho um carinho enorme pelo presidente Lula e sei que ele tem esse carinho por mim. Tem muitos anos que não converso com ele, evitei esse contato. Acontece que temos uma grande diferença atualmente. Nunca tivemos a direita forte como temos hoje. Tínhamos uma direita falsa, que era o PSDB, que ocupava esse espaço. Com a chegada do presidente Bolsonaro, as pessoas saíram do armário”, declarou o pepista na entrevista ao Valor Econômico.
“Sempre fui de centro-direita. Mas não tinha ninguém liderando esse processo no país. Eu hoje tenho uma identidade completa com o que fizemos no governo, sou até mais à direita no liberalismo que Bolsonaro”, admite.
“Não tenho identificação com questões de costumes. E hoje tenho a decisão de ficar na oposição nos próximos quatro anos, estarei contra Lula ou o candidato dele em 2026. Aliado a isso, o Lula de hoje não é o Lula que eu apoiei lá atrás”, alega.
Na sequência ele volta a admitir que a bancada do seu partido está “um pouco dividida”, apesar do PP ser oficialmente de oposição ao governo Lula. “Eu sou totalmente oposição ao governo. Grande parte dos deputados acompanha esse meu posicionamento”, continua Nogueira.
“Mas eu deixei os deputados livres pra votarem de acordo com suas consciências, com seu eleitorado, por conta da questão do Arthur [Lira, presidente da Câmara]. Como ele recebeu o apoio do PT [na reeleição], me constrange um pouco ter uma atuação mais firme. Eu sempre medi essa responsabilidade que o Arthur tem lá. Então eu fico um pouco no fio da navalha. Mas eu sou de oposição, e o PP é um partido de oposição”.