Lideranças de mais de 30 povos uniram saberes tradicionais e inovação tecnológica pela reconstrução da política indígena
Publicado em 16/05/2023 – 16h47
ISA — Vivências, demandas e propostas das comunidades do Vale do Javari, de centros urbanos e da região dos rios Negro, Solimões, Madeira e Amazonas, sobre temáticas centrais como políticas públicas, direitos indígenas e proteção territorial, deram o tom do debate na I Conferência Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas.
O evento, que aconteceu entre 17 e 19 de abril, em Manaus, foi organizado pela Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (APIAM), com apoio da Fundação Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas (FEPIAM) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas.
No encontro também foram abordadas temáticas como proteção a defensores dos direitos indígenas, ciência, tecnologia, além de evidenciar a necessidade de políticas públicas específicas para os povos indígenas nas áreas de educação, saúde e geração de renda.
Para além das mesas temáticas, plenárias e grupos de trabalhos, a Conferência contou com os cantos e danças de mais de 30 povos da região. Para Mariazinha Baré, essa diversidade de culturas e vivências contribuiu para a consolidação da luta indígena no Amazonas.
“Todo o esforço que fizemos para reunir povos das diferentes regiões do Amazonas resultou nesta grande mobilização e não vamos parar de reivindicar e fortalecer nossos direitos”, diz a coordenadora da APIAM.
A mobilização dos povos indígenas do Amazonas ocorre em um contexto de reconstrução da política indígena no país após quatro anos de ataques à vida e aos direitos de comunidades tradicionais.
No Dia Dos Povos Indígenas, os participantes foram até a Assembleia Legislativa do Amazonas para demandar que o Estado tenha um orçamento específico para os povos indígenas e pleitear melhores programas e investimentos. Confira o que diz o documento de propostas para políticas públicas elaborado ao fim da Conferência.
“Nós, povos indígenas, nossos territórios, aldeias e comunidades somos essenciais à conservação e a sociobioeconomia, aliando nossos saberes indígenas à inovação tecnológica, considerando a potencialidade de cada território. Por isso, acreditamos no diálogo do movimento indígena organizado com o governo para a construção coletiva e participativa de políticas públicas aqui reivindicadas, respeitando o que determina a Convenção 169 da OIT e o protagonismo dos povos”.