O auditório da Ancine (Agência Nacional do Cinema) é usado para organizar eventos para a Associação dos Servidores Públicos da Ancine (Aspac), mas os realizadores se surpreenderam quando a agência vetou o uso da sala nesta quarta-feira (17) para exibição do filme da Beth Carvalho.
A iniciativa Produção em tela organiza sessões de cinema para os servidores da Ancine desde 2017, porém foi paralisada em 2019 durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
A Ancine cancelou a exibição do filme “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, que foi exibido gratuitamente na Cinelândia, no Rio de Janeiro, após a repercussão do caso há quatro anos atrás.
No mês passado, a exibição do longa “Noites Alienígenas”, primeiro filme do Acre no circuito nacional de cinema e ganhador do Festival de Cinema de Gramado, estreou a reinauguração do evento.
Durante a sessão, de acordo com funcionários ouvidos pela Folha de S. Paulo, um dos organizadores discursou contra o governo do ex-presidente, falou em “censura” e declarou que o retorno do “Produção em Tela” simbolizava novos tempos.
Segundo eles, as falas do realizador desagradaram a diretoria da Ancine. Jair Bolsonaro foi quem indicou o diretor-presidente da agência, Alex Braga, para o cargo.
A Aspac havia solicitado o auditório no começo do mês para a exibição do documentário “Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho” e, depois, um bate-papo com o diretor e produtor do longa, mas foi vetado.
A negativa da Ancine foi justificada por “interesse institucional de cautela”. Na resposta, a agência afirma que “aguarda-se a definição de critérios para a disponibilização do espaço do auditório quando promovidos por outras entidades ou com a participação de agentes econômicos privados do setor regulado”.
“Há recomendação pendente da Controladoria-Geral da União, no contexto do programa da Integridade Ancine, para que seja elaborado Guia de Boas Práticas de Integridade, no âmbito das ações de Financiamento”, comunica.
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