“Não havia indicativo da presença de grande número de manifestantes e atos de violência” afirmou um dos funcionários do Gabinete
Funcionários do Gabinete de Segurança Institucional deram uma série de depoimentos ao STF que dão a entender que o órgão foi “desatento” no trato dos ataques do 8 de janeiro. Quase todos os militares questionados disseram não saber da possibilidade dos atos ou minimizaram a situação.
O Secretário-executivo do GSI, segundo cargo mais alto na hierarquia do órgão, alegou que só ficou sabendo da possibilidade de ataques através da Mídia. Carlos Penteado, era um dos militares remanescentes da antiga gestão e foi exonerado do cargo, duas semanas após os ataques.
Um desencontro entre e o Governo Federal e o governo do Distrito Federal também foi ventilado nos depoimentos. Segundo funcionários, a secretaria de segurança do DF teria realizado uma reunião no dia 6 de janeiro, mas não convocou nenhum funcionário do GSI.
Essa mesma secretaria de segurança teria criado um grupo no aplicativo de mensagens, Whatsapp, para informar sobre movimentações de risco no DF, como confirmou Saulo Moura Cunha, diretor-adjunto da Agência de Inteligência Brasileira (ABIN). Cunha também afirmou que o grupo possuía um militar funcionário do GSI, responsável pela identificação e transmissão das informações ao Órgão.
Jader Silva, Tenente-coronel da PM, foi o servidor adicionado ao grupo. No entanto, de acordo com seu depoimento, ele afirmou só ter notado a existência do grupo no momento dos ataques.
O STF também ouviu depoimentos que justificaram a falta de ação em decorrência de alguns alarmes falsos. Um militar teria dito ao Supremo, que no dia 7 de janeiro, uma idosa telefonou para o GSI informando de possíveis manifestações no dia, mas que após um reconhecimento de terreno feito pelos militares, a ação foi constatada como alarme falso.
Poucos funcionários afirmaram saber da possibilidade dos atos do 8 de janeiro. O Coronel Alexandre Amorim, chefe da coordenadoria de avaliação de riscos disse que, apesar de desconfiar da realização dos atos, “não havia indicativo da presença de grande número de manifestantes e violência”.
O Tenente-coronel Alex Marcos Barbosa também minimizou a situação. “Segundo a série histórica dos últimos quatro anos”, disse ele, as manifestações seriam pacíficas.
Por fim, em outro relato apurado pelo Globo, o diretor-adjunto de segurança presidencial disse ter informações que o trajeto dos “manifestantes” seria o inverso do que realmente aconteceu. Wanderli da Silva Júnior, afirmou ter recebido a informação de que a concentração seria às 17h no Congresso, para depois seguirem ao Quartel General do Exército, que fica a quase 8 quilômetros da praça dos três poderes.
Todos os depoimentos concedidos pelo GSI ao STF foram analisados e divulgados pelo Globo neste sábado (13).