Anúncio das medidas será feito em 25 de maio, dia da Indústria, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Pualo (FIESP)
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) iniciou um movimento para tentar tornar mais baratos carros populares. Esse processo vai reaquecer o setor automotivo e planeja atingir todo o setor industrial, indo além das montadoras.
O Governo pensa em medidas para tornar esse plano possível, como conceder linhas de crédito para o setor fabril, reduções tributárias, aumento do índice de nacionalização de bens manufaturados e um programa de financiamento para veículos.
O foco das medias será nos carros de entrada, no entanto, as mudanças não serão sentidas rapidamente. A ideia é que exista uma diminuição gradual dos preços, para que os carros populares fiquem na faixa entre R$50 e R$60 mil.
Em comparação, o automóvel mais barato do país hoje é o Renault Kwid, que custa R$69 mil. Representantes da empresa francesa se encontraram com o vice-presidente Geraldo Alckmin na semana passada. A montadora deve ser a primeira a impor as novas medidas em seus modelos, principalmente no Kwid.
“Recebi a diretoria da Renault para debatermos propostas que fortaleçam o setor automotivo. O presidente Lula está empenhado em retomar o vigor de nossa indústria automobilística, que é grande empregadora”, relatou Alckmin em suas redes sociais.
O aumento do custo dos automóveis está diretamente ligado à evolução dos modelos, tanto na tecnologia, quanto no cumprimento de normas de segurança. Além disso, a crise econômica mundial e a pandemia também contribuíram para os preços elevados.
As montadoras desejam diminuir preços de carros que, hoje, já estão mais em conta. Elas veem como situação ideal, retirar o mínimo possível de peças dos carros. “O carro depenado, sem conteúdo, não vai de encontro ao que o brasileiro quer”, afirmou Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul, em entrevista à Folha.
O Presidente da montadora completa, justificando a estratégia: “Na nossa opinião, ao contrário de fazer investimentos para criar um veículo popular com condições que o cliente não quer, devemos dar para esse consumidor a possibilidade de, dentro do portfólio existente, ter um veículo com melhores condições de acesso.”
O plano de reaquecimento do setor automotivo esbarra na realidade brasileira, de renda média insuficiente, agravada pelas consequências da pandemia. Segundo a Associação Nacional de Empresas Financeiras e Montadoras (ANEF), os atrasos de pagamentos com mais de 90 dias chegaram a 5,9% dos contratos, o que representa um aumento de 1,5% em relação a 2021.
O setor financeiro planeja oferecer taxas atraentes para pessoas físicas sem que isso implique em riscos de crédito. Umas das ideias para contornar o problema é a utilização do FGTS como garantia. As quantias do Fundo de Garantia não seriam usadas efetivamente para a compra dos veículos, mas poderiam ser acessadas pelos bancos em caso de inadimplência.