Em visita a Brasília, Mark Rutte afirma, no entanto, que guerra é uma questão existencial e que não podem ser feitas concessões que ameacem a soberania ucraniana.
Publicado em 10/05/2023
DW — Em visita a Brasília, o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, elogiou nesta terça-feira (09/05) os esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na busca pela paz na Ucrânia, mas ressalvou que não podem ser feitas concessões que possam afetar a soberania ucraniana. Foi uma referência a uma declaração de Lula de que a Ucrânia deveria ceder a Crimeia à Rússia.
“A guerra é uma questão existencial”, disse Rutte. “Não é apenas uma ameaça aos nossos valores […], tem a ver com a nossa segurança, que pode estar em risco se a Rússia tiver êxito na Ucrânia”, acrescentou, em declaração conjunta após se reunir com Lula no Palácio do Planalto.
O premiê afirmou que a Holanda apoiará a Ucrânia pelo tempo que for necessário e defendeu o envio de armas ao país invadido, algo rechaçado pelo brasileiro, que busca formar um clube de países neutros que possam atuar como mediadores do conflito.
“Expliquei a Lula que também fornecemos armas à Ucrânia porque, caso contrário, o país teria caído nas primeiras semanas desta guerra”, disse Rutte.
O primeiro-ministro elogiou o Brasil por tentar “encontrar soluções e unir esforços em direção da paz”, algo que, segundo ele, a União Europeia (UE) também está fazendo. Mas ressaltou que essas conversas devem partir das autoridades ucranianas.
“A ajuda do Brasil é importante para achar soluções, mas isso tem que começar pela presidência ucraniana. É importante que todos nos envolvamos com isso, precisamos nos ajudar uns aos outros”, afirmou.
Lula, por sua vez, voltou a defender a necessidade de primeiro parar a guerra para depois sentar para conversar, e colocou o Brasil como um possível intermediário para isso.
“Eu penso que cada país tem a sua razão. A Ucrânia efetivamente não pode aceitar a ocupação do território, ela tem de resistir. A União Europeia tem a sua razão de ter tomado a decisão que tomou [de apoiar a Ucrânia], e o Brasil e outros países têm a sua razão de tentar encontrar um meio-termo”, afirmou.
“É hora da diplomacia, não é hora de guerra. Todo mundo sabe que o Brasil condenou a invasão territorial da Ucrânia, mas a continuidade só vai levar à morte. Foi essa a razão das conversas com a China, com o primeiro-ministro da Inglaterra, [da conversa de] hoje, e também vai ser razão da conversa com a Índia, com outros países”, declarou.
O presidente brasileiro gerou controvérsia com declarações sobre a guerra na Ucrânia. Recentemente causou atrito com os Estados Unidos e a União Europeia ao afirmar que essas potências contribuem para prolongar o conflito em solo ucraniano. Bruxelas e a Casa Branca rebateram a declaração do brasileiro.
Após as críticas, Lula se manifestou condenando a violação do território ucraniano. Em visitas a Portugal e Espanha afirmou que nunca igualou a Ucrânia à Rússia no contexto do conflito e que não cabe a ele decidir de quem é a Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014.
Celso Amorim na Ucrânia
Na declaração conjunta ao lado de Rutte, Lula também falou sobre a visita de seu assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, à Ucrânia nesta quarta-feira, onde vai se reunir com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.
“Espero que o Celso me traga não a solução, mas que ele me traga indícios de soluções para que a gente possa começar a conversar sobre paz”, afirmou o presidente.
“Ele já sabe o que o [presidente da Rússia, Vladimir] Putin quer, ele agora vai o saber o que quer o Zelenski”, disse Lula, referindo-se ao fato de Amorim ter visitado a Rússia no início de abril, onde se encontrou com Putin.
Após o regresso de Amorim, frisou o presidente, o Brasil terá “elementos para conversar com outros países e construir, quem sabe, a possibilidade de pararmos essa guerra”.
Convergência sobre meio ambiente
Rutte está em visita oficial ao Brasil, acompanhado por uma comitiva de empresários. Além de Brasília, a viagem de três dias inclui paradas em São Paulo e Fortaleza. Após a reunião bilateral, Lula ofereceu um jantar para a delegação holandesa no Palácio do Itamaraty.
Se por um lado os líderes holandeses expressaram suas diferenças quanto à guerra na Ucrânia, manifestaram convergência na defesa da Amazônia e em trabalhar rumo a uma economia verde.
Lula exaltou a parceria entre Brasil e Holanda, não apenas no campo comercial, mas também quanto a valores compartilhados. “Temos uma coisa em comum: amamos a democracia. Outra coisa em comum: queremos a preservação do clima, a preservação das nossas florestas e queremos fazer uma revolução energética”, disse.
Rutte reconheceu que o Brasil é um líder em questões climáticas e saudou o fato de o país estar “de volta e ativo” no cenário internacional, após o mandato de quatro anos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ele também elogiou os esforços de Lula para acabar com o desmatamento na Amazônia, que continua em níveis elevados, e lembrou que a Holanda já atua na região com projetos para garantir “cadeias de valor sustentáveis”, especialmente na agricultura.
“Temos que preservar a Amazônia em nome da sobrevivência da espécie humana e vamos acabar com o desmatamento até 2030”, reafirmou Lula.
Segundo Rutte, ambos conversaram sobre expandir ainda mais a relação bilateral, especialmente em questões como a transição energética, já que ambos os países têm esse conhecimento, segundo Rutte.
“A Holanda é um país muito importante na discussão sobre transição energética, e o Brasil pode se tornar um símbolo global e oferecer ao mundo a experiência mais bem-sucedida de uma matriz energética totalmente limpa”, disse Lula, afirmando que o Brasil pretende se envolver na produção de hidrogênio verde.
Patriotário
10/05/2023 - 17h47
O pianca mole é um paspalho debiloide. Deve ser por causa do coco na cueca.
EdsonLuíz.
10/05/2023 - 13h42
Vemos aí o esforço que a diplomacia dos países democráticos têm que fazer para Lula não atolar o Brasil de vez no buraco fedido das ditaduras, embora esteja escancarada a posição pusilânime de Lula contra a Ucrânia e a favor da covardia das ditaduras contra povos inteiros.