Rita Lee morreu na manhã desta terça-feira (9), aos 75 anos. A cantora foi diagnosticada com câncer no pulmão em 2021.
Rita Lee é considerada uma das mais importantes cantoras e compositoras do Brasil. Nascida em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo, a rainha do rock foi uma das principais figuras do tropicalismo e movimentos brasileiros de contracultura na década de 60.
Rita era sinônimo de liberdade feminina, criatividade, singularidade e, apesar de achar cafona o título de “rainha do rock brasileiro”, ela incorporava o ritmo psicodélico aos sons regionais com maestria. Abriu a porta para muitas pessoas, ideias, revoluções e marcou intrinsecamente a música e cultura popular brasileira.
Em 1966, ela formou a banda Os Mutantes com os irmãos Sérgio e Arnaldo Baptista. O trio ainda hoje é relembrado como rock de vanguarda da música brasileira e os sons únicos conquistaram o mundo. Cantores como Gilberto Gil e Caetano Veloso também fizeram participações especiais na história da banda, em apresentações, festivais e no disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circensis, álbum mais marcante do movimento.
O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista marcou, também, a sua saída da banda. Inicia-se, então, outra era na carreira de Rita Lee. A cantora lançou o álbum solo “Build up” em 1970, ainda antes do final de sua participação nos Mutantes. Em 1975, lançou com o grupo Tutti Frutti cinco discos com hits como “Agora só falta você”.
O período de carreira solo de Rita foi a partir de 1979, trabalhando em conjunto com o marido Roberto de Carvalho. Grandes músicas de pop-rock foram lançadas nesse ano e em 1980, frutos do álbum “Rita Lee”. “Mania de você”, “Chega Mais”, “Lança Perfume” e “Baila comigo” são só alguns exemplos das suas inúmeras canções de sucesso.
Dentre muitos discos, o vencedor do Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa foi “3001”. Rita Lee recebeu o prêmio em 2001 e, no total, já recebeu mais cinco indicações. A cantora ganhou o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra em 2022.
Em 2012, com 65 anos, Rita Lee deixou de subir aos palcos devido à fragilidade física. “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, publicou no Twitter.
Rita, sempre rebelde, irreverente e certa de sua personalidade excêntrica que refletia na sua arte e conquistou o mundo. Em entrevista para o Estadão, em 2020, respondeu ao seu marido:
“Roberto: Se a vida terminasse amanhã, o que ficou faltando, o que ficou sobrando?
Rita: Ficou faltando realizar na Terra o velho mantra clichê dos hippies: Paz e Amor. Ficou sobrando uma gentalha tosca e cafona que só tem como meta de vida o poder material.”
Em maio de 2021 Rita foi diagnosticada com câncer no pulmão. Desde então, a cantora fazia tratamento de imunoterapia e radioterapia. Em setembro do mesmo ano ela lançou seu último single, “Changes”, com o marido Roberto de Carvalho e o produtor Gui Boratto.
Rita Lee foi casada por 47 anos e teve três filhos: Beto Lee, Antonio Lee e João Lee. Em abril de 2022, Beto publicou que ela estava curada do câncer.
Nos últimos anos, Rita viveu em um sítio em São Paulo com a família, sob cuidados médicos. A “padroeira da liberdade”, como gostava de ser chamada, se despede com uma história e carreira excepcionais, deixando grandes referências, inspirações e saudades aos fãs. Hoje, esse tal de roque enrow chora triste.
Luciano Souza
09/05/2023 - 13h27
Coincidência ou não, pela manhã ouvia uma playlist… curtia “Em Paz”, com Maria Gadú e logo em seguida me surpreendi com Rita Lee cantando “Minha Vida” (In My Life – Beatles), numa bela versão. Pensei como temos bons artistas no Brasil e simplesmente desconhecemos seus trabalhos, do quanto precisamos valorizá-los e aproveitar seus talentos. Meus sentimentos à família e amigos!
Edu
09/05/2023 - 13h12
São muitos artistas de peso nos deixando.
O mundo vai ficando mais pobre, mais triste.
Alexandre Neres
09/05/2023 - 11h47
Descanse em paz, Ritinha!
Obrigado por tudo.