Por Gilberto Maringoni
Com quase 100% das urnas apuradas nas eleições para a nova assembleia constituinte no Chile, tudo indica que o Partido Republicano, de extrema-direita, fará individualmente o maior número de cadeiras. A agremiação de José Antonio Kast, que perdeu para Gabriel Boric a disputa presidencial de 2021, terá 22 assentos de um total de 51.
É seguido pelo Unidad por Chile, que representa a aliança governista de centroesquerda, que alcança 17 lugares e por Chile Seguro, também de direita, que conquistou 11. Haverá um representante dos povos originários, que somam 12% da população. O coletivo será paritário entre homens e mulheres.
O conservadorismo terá, assim, 32 votos, obtendo o total de 3/5 para para aprovar qualquer proposta constitucional.
É UMA SITUAÇÃO GRAVÍSSIMA do ponto de vista democrático. Se já era um pato manco, o governo Boric perde agora totalmente a capacidade de iniciativa e de definição da pauta nacional.
Ocorre uma reversão da tendência de giro à esquerda manifestada em três oportunidades entre 2020-21: o plebiscito para a convocação original da convenção constituinte, a eleição dos delegados e a vitória de Gabriel Boric à presidência.
BORIC CONSTITUIU um governo ambíguo internamente e alinhado a Washington no plano internacional. Eleito no impulso das movimentações populares de 2019-20, não conseguiu corresponder às enormes expectativas sociais por mudanças. Isso se deu em especial por seu apego às políticas de austeridade fiscal
O governo nunca teve o controle pleno do aparato de segurança estatal e demorou quatro meses após a posse para apresentar medidas que melhorassem a vida do povo de forma imediata. A queda de popularidade foi acentuada ao longo de um ano de mandato.
SUA MAIOR DERROTA se deu no plebiscito para a aprovação do anteprojeto de Constituição, em setembro último. Sem comando claro – apesar dos setores progressistas contarem com 117 lugares em um total de 155 convencionais – os integrantes aprovaram medidas que deram argumentos para uma pesada campanha conservadora, repleta de fake news. Entre elas estava a introdução do direito ao aborto na Carta Magna – algo inexistente em qualquer outro país – e a defesa de um Estado plurinacional. Não se contesta aqui a justeza ou não dos dois pontos, mas a forma como foram apresentados.
A nova Constituição já chega com seu pré-projeto pronto: uma comissão de 24 “especialistas”, indicada pela direção do Legislativo, de maioria conservadora, traçou as balizas para os cinco meses de prazo acordados para a apresentação da forma final da lei maior.
Além disso, um comitê técnico de admissibilidade composto por 14 pessoas juristas indicados pelo Senado tratarão de aparar arestas nas normas a serem debatidas.
O GOVERNO PERDEU A INICIATIVA logo no início de seu mandato, quando ainda tinha alta legitimidade conferida pelo pleito então recente. É uma situação sem volta. Ou, como se diz no jargão da aviação de caça, não há segunda chance quando se perde a capacidade ofensiva em combate.
Fanta
08/05/2023 - 11h12
os.chilenos não foram votar e acordaram com uma espécie de Boulos escrevendo uma.nova Constituição…
Vendo a cagada que fizeram correram para votar contra no referendum e agora estão enterrando esta porcaria.
Mais um país que era ilha no deserto da tragédia da América Latina que se deixou seduzir por babaquices e quase se fode sozinho.
LP
08/05/2023 - 10h42
Pensando por essa lógica de perda de legitimidade já nos primeiros meses, o Lulismo também perdeu legitimidade, o neoliberalismo radical do Lula servo de banqueiros está afundando ainda mais a nossa economia, o povo está desesperado e com medo de morrer de fome, nada muito diferente do que estava sendo com o Bozo (pelo menos nessa parte econômica), o problema é que do Bozo já se esperava isso, do Lula muitos trouxas esperavam algo diferente. Então, se por essa perda de legitimidade a direita radical ganhou força no Chile, é de se imaginar que exista um risco grande do Bozismo ou outra direita radical voltar ao poder em 2026, me dá até medo pensar nisso! E não foi falta de aviso, dissemos que apoiar Lula ia dar nisso, que podíamos ter derrubado Bozo pra 3º e acabar de vez com o Bozismo, que Ciro sim tinha um projeto sério e verdadeiramente de esquerda, mas a maioria do povo não quis ouvir, ferraram com o presente e o futuro próximo do país! Ciro já deixou claro que não concorrerá mais à presidente, mas tomará que surja um nome forte de esquerda pra se opor à centro-direita Lulista e à direita radical Bozista em 2026! Se não, o Brasil não sai desse buraco tão cedo!