Uma professora de história da arte foi demitida nesta primeira semana de maio em Aparecida de Goiânia, região metropolitana da cidade, após Gustavo Gayer (PL) expor foto da professora usando a camiseta com frase de Hélio Oiticica nas redes sociais.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL), publicou uma imagem da professora usando a camiseta vermelha com a obra “Seja marginal, seja herói” e fomentou inúmeros ataques e críticas nos comentários. A expressão faz referência a um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil, o Hélio Oiticica (1937-1980). No entanto, o parlamentar escreveu na legenda que a professora, na verdade, usava uma blusa do PT, partido do atual presidente Lula.
A professora, que preferiu não se identificar, trabalha na escola desde janeiro dando aula para adolescentes do Ensino Médio e foca, principalmente, nas questões de vestibular voltadas ao tema. Em entrevista ao g1, ela conta que sempre usa roupas em referência aos artistas analisados em aula de forma a se conectar com os alunos, explicando o contexto histórico das obras e do impacto para a produção de arte no país.
Na terça-feira (2), a professora foi ao Colégio Expressão com a camiseta pela primeira vez e compartilhou uma foto no Instagram, na qual marcou a loja do amigo que produz as peças como maneira de divulgação. A foto, no entanto, foi modificada e republicada pelo deputado Gayer com uma legenda propositalmente equivocada: “professora de história com o look petista em sala de aula”.
A repercussão da imagem entre os apoiadores do parlamentar e do ex-presidente Jair Bolsonaro, também do PL, foi de grande impacto. A escola recebeu milhares e insistentes marcações e pedidos de retratação e, como medida, demitiu a professora na quinta-feira (4) através do telefone.
Segundo ela, ela só soube da publicação do deputado e a proporção do caso quando um dos sócios do colégio a comunicou na noite de terça-feira. “Recebi uma ligação dizendo que eu tinha causado muita dor de cabeça com uma foto que tinha postado. O tom da escola foi de me culpabilizar por isso, quando, na verdade, fui vítima do caso”, conta.
No dia seguinte, a professora foi convocada para uma reunião e ficou acordado entre ela e a escola a tentativa de contorno da situação. Na quinta-feira, Gustavo Gayer publicou nas redes sociais a comemoração da demissão da professora, e, somente mais tarde, ela recebeu a notícia por ligação de que havia sido demitida.
O advogado Alexandre Amui entrou com uma ação judicial contra o deputado e promete, também, ajuizar uma ação trabalhista contra a escola. O advogado da professora pediu a exclusão dos vídeos, proibição de novas publicações, direito de resposta e dano moral contra Gayer.
O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro Goiás) afirma repudiar a atitude do deputado. Em nota para o g1, o órgão informou que entrou com uma ação contra Gayer, solicitando a exclusão dos perfis disseminadores de ódio e fake news, incluindo a dele, que “persegue professores em nome do monitoramento da suposta doutrinação”.
O parlamentar e o Colégio Expressão não responderam ao pedido do g1 de posicionamento sobre o caso. Em nota divulgada pela escola, eles declararam que “escola não é lugar de propagar ideologias políticas, religiosas ou preconceituosas. Nossa missão é formar cidadãos conscientes e éticos, capazes de compreender e respeitar as diferenças culturais e ideológicas.”
Patriotário
07/05/2023 - 23h12
A luta contra a ESTUPIDEZ bozoloide mostra situações bizarras .
Os ASNOS de direita são uma situação que nos remete a ZUMBIS podres que atacam a Cultura.
Paulo
07/05/2023 - 19h36
A inversão de valores no brasil e no mundo é espantosa. O que uma professora pretende ensinar utilizando uma camiseta dessas? Quis lacrar e se deu mal…Não obstante, eu daria uma advertência e uma segunda chance a ela…
Sandra Maria
07/05/2023 - 16h06
Adorei a resposta do colégio. São tão hipócritas que responderam exatamente e fizeram o oposto. Incapaz de respeitar as diferenças. Incapazes de compreender o artista que criou a frase. Incapazes de votar.