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O compromisso de Lula com um (grave) erro

Em que pese todos os acertos do presidente Lula na condução do Brasil para o retorno à normalidade uma coisa não deveria ser normalizada: o protagonismo político das forças armadas no poder civil. E esse erro foi marcado pela nomeação do general da reserva Marcos Antonio Amaro dos Santos para chefiar o Gabinete de Segurança […]

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Foto: Ricardo Stuckert

Em que pese todos os acertos do presidente Lula na condução do Brasil para o retorno à normalidade uma coisa não deveria ser normalizada: o protagonismo político das forças armadas no poder civil. E esse erro foi marcado pela nomeação do general da reserva Marcos Antonio Amaro dos Santos para chefiar o Gabinete de Segurança Institucional.

Amaro fez parte do alto comando do Exército entre 2019 e 2022, justamente durante a enxurrada de oficiais ocupando cargos civis, seja como Ministros ou como membros do segundo escalão do governo, também esteve no alto comando durante o descalabro da gestão do general Pazuello durante a pandemia de covid-19, inclusive, esteve no posto durante o enfadonho processo que terminou com a absolvição do general que subiu num palanque político.

E ainda vou mais além! Segundo o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Joseli Parente Camelo, a cúpula das forças armadas não aderiram integralmente às teses golpistas do então presidente Jair Bolsonaro. Sendo membro da cúpula nos anos de governo Bolsonaro, de que lado estava Amaro?

Sua passagem como na segurança da ex-presidente Dilma Rousseff também é pouco primorosa, já que foi nela que a ex-presidente foi grampeada pelos EUA, sem falar das conspirações do vice-presidente Michel Temer para derrubá-la ou dá vez que um opositor radical da ex-presidente conseguir invadir um evento onde ela estaria presente.

Com isso, Lula mantém o ciclo de incompetências e desastres capitaneados pelos militares que controlam a pasta desde a sua origem, além disso é preciso ficar claro que não estou cobrando que Lula nomeia o “folclórico” general legalista, isso não existe, pelo menos não enquanto a formação dos oficiais das forças armadas não for reformulada e cada general deste país relativizar o golpe de 1964.

Veja também: o verdadeiro golpe do 8 de janeiro

O que estou defendendo aqui é acabar com as estruturas que viabilizam e fortalecer o projeto político de poder dos generais das forças armadas e o GSI é uma dessas estruturas. Eu mesmo já revelei aqui que os próprios servidores da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), veem o GSI como uma espécie de “filtro” do que chega ao presidente e que, para eles, só chega ao presidente aquilo que é interessante aos militares, o que é uma flagrante maneira de exercerem poder político.

De nada adianta a retomada econômica e de direitos sociais, se tudo pode vir abaixo novamente caso os generais queiram se envolver numa nova aventura. Onde ficaram os inúmeros avanços das gestões petistas que caíram em questões de meses após o impeachment de 2016 e que contou com forte engajamento político dos militares?

Podemos considerar que o Brasil é de fato uma democracia se todo presidente de plantão precisa temer as forças armadas?

Até o momento, o presidente não deu qualquer sinal de que pavimentará o caminho para que o país avance nessa questão, assim como também deixou isso bem claro em seus dois primeiros govenro, onde optou por empoderar os militares que anos mais tarde empossaram Jair Bolsonaro.

Quando o assunto é militares e forças armadas, Lula tem um estranho compromisso com o erro.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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