Sputnik – Falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre acontecimentos internacionais têm sido algo de rechaço pela mídia tradicional brasileira, apontando para um descompasso entre a grande imprensa e a política externa lulista.
Durante o mês de abril, declarações de Lula sobre o conflito na Ucrânia foram recebidas com antipatia pelos grandes veículos de comunicação, que transmitiram a oposição da Casa Branca a possíveis negociações de paz.
O mês de maio começou com polêmica similar, desta vez sobre o conflito israelo-palestino. Durante visita à Espanha, Lula lamentou que organizações como a ONU não demonstrassem empenho na criação do Estado Palestino.
“A ONU era tão forte que, em 1948, conseguiu criar o Estado de Israel. Em 2023, não consegue criar o Estado palestino”, disse Lula durante coletiva junto ao presidente da Espanha, Pedro Sánchez, em Madri.
A declaração do mandatário brasileiro foi criticada por instituições ligadas ao movimento sionista e pela Embaixada de Israel em Brasília. No entanto, para o presidente da Federação Árabe Palestina no Brasil (FEPAL), Ualid Rabah, o mais preocupante foi a cobertura da imprensa brasileira, que propagou uma narrativa única sobre o tema.
“Há um alinhamento absolutamente acrítico […] dos veículos de comunicação no Brasil quando o assunto é o Oriente Médio”, disse Rabah à Sputnik Brasil. “A única verdade ouvida pelos veículos de comunicação no Brasil é aquela que interessa ao Ocidente político”.
O presidente da FEPAL lamentou que nenhum jornal se mostrou interessado em veicular a posição da Embaixada da Palestina sobre o assunto, se limitando a veicular a posição da Embaixada de Israel.
A imprensa brasileira vem criticando as declarações de Lula, alegando que elas “geram desgaste” com aliados como EUA e União Europeia, considerando-as descuidadas e nocivas ao interesse nacional.
“Os veículos de comunicação não estão preocupados com o que o Lula está dizendo, mas sim com o que o Lula está fazendo”, acredita Rabah, citando a recente assinatura de acordo entre Brasil e China para evitar o uso do dólar no comércio bilateral e a recepção do chanceler russo, Sergei Lavrov, em Brasília, no mês de abril. “O problema não é o que Lula fala, mas o que ele faz.”
Ativismo lulista
Apesar da forte oposição à fala de Lula, ela não representa uma ruptura com a posição tradicional do Brasil, que defende a solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino.
“O que muda é a proatividade de Lula, que se propõe uma solução para a questão, retomando a política externa altiva e ativa dos seus primeiros mandatos”, considerou Rabah. “O Brasil renova o momento proativo para resolver a grande questão ainda não resolvida no âmbito da ONU, que é a questão palestina.”
Segundo ele, a posição brasileira não deve gerar oposição por parte da maioria dos países do mundo, que adotam a mesma postura.
“Só dois países não concordam com a formação do Estado da Palestina como membro da ONU: Israel e os EUA, que impõem o veto”, disse Ualid.
Ele identifica, também, a oposição da mídia brasileira às diversas propostas de paz colocadas pelo governo brasileiro desde a posse de Lula.
“Quando Lula fala sobre a Ucrânia ou sobre a Palestina, ele não fala em guerra, mas sim em paz. As motivações desses conflitos podem, sim, ser seculares. No caso da Ucrânia, pode remontar a 2014 e ao sofrimento da população de Donbass, de fala russa”, disse Rabah. “Mas quando ele fala em paz parece que o presidente irrita os veículos de comunicação.”
A oposição às negociações de paz indica interesse de potências internacionais em prolongar os conflitos internacionais e em “adquirir bilhões de dólares em gastos militares” para destruir a Ucrânia e a Rússia.
“Os veículos de comunicação de massa no Brasil não veem com bons olhos quando o governo se manifesta sobre questões geopolíticas e intranacionais. Há um veto. Quem deveria falar sobre isso é os EUA, e caberia ao Brasil somente se subordinar a isso”, concluiu Rabah.
No dia 26 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a inação da Organização das Nações Unidas (ONU) em relação à criação de um Estado Palestino, durante coletiva de imprensa ao lado do presidente espanhol, Pedro Sánchez. A declaração gerou repercussão negativa na grande mídia brasileira, entre representantes do governo de Israel e entidades vinculadas ao movimento sionista.
Cláudio
06/05/2023 - 12h07
Lula e o Brasil sofrendo ataques sem tréguas dos abutres.
Paulo
06/05/2023 - 11h54
Embora Israel seja o único Estado democrático do Oriente Médio, é de fato um tema tabu falar qualquer coisa que contrarie os interesses de Israel ou dos judeus. Pra se ter uma ideia, no próprio filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, consta que a comunidade judaica americana teria vetado a expressão, consagrada na Bíblia, em Matheus: “caia sobre nossas cabeças o seu sangue, e sobre nossos filhos!”, dita pela plateia que escolheu Barrabás…
EdsonLuíz.
06/05/2023 - 11h01
Cada uma!
Grande mídia quer o que todo democrata quer::
▪Quer que Lula, Bolsonaro ou qualquer outro não esteja metido com corrupção ou com milícia; quer que Lula, Bolsonaro ou qualquer outro não esteja metido com ditaduras.
Impossível Lula e Bolsonaro não estarem metidos com falcatruas ou com ditaduras!