Áudios e mensagens encontrados no celular de Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro, mostram que houve uma discussão sobre um golpe de estado na ante sala do Palácio do Planalto.
Mais cedo, a jornalista Miriam Leitão revelou que o alto comando das forças armadas não concordava integralmente com as teses golpistas do então presidente Jair Bolsonaro. A jornalista pediu para que todos se atentassem ao “integralmente”. Ou seja, apoiavam um golpe parcialmente.
A revelação de hoje é mais uma peça no quebra-cabeça envolvendo a minuta golpista encontrada a casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres que visava uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral prevento até mesmo a prisão de Ministros como o Alexandre de Moraes.
O decreto golpista pretendia criar uma junta de 17 membros. Destes, 8 seriam do militares do Ministério da Defesa. Militares, Ministro e burocracia da pasta eram majoritariamente militares. Acho que isso já mostra quem seriam os mentores do tal golpe e o envolvimento dos fardados!
É preciso ter a clareza de que existiam dois “golpes”, aquele amalucado do ex-presidente Bolsonaro com minuta, malucos no 8 de janeiro e caos e outro que ocorreu em paralelo a tudo que ocorria.
A nota do dia 11 de novembro do ano passado legitimando os acampamentos golpistas assinada pelas três forças, o apoio logístico, material e intelectual para os acampamentos, a cobertura, omissão e proteção dos criminosos do 8 de janeiro, a sabotagem na segurança do Palácio do Planalto e a tentativa de nomeação do tenente-coronel Mauro Cid para liderar tropas, era tudo vindo da cúpula das forças armadas.
E se de fato havia um plano, envolvendo uma minuta e a nomeação de uma junta com 8 militares para controlar o TSE, esse plano só foi desenhado e, por pouco, não levado a cabo, porque certamente havia o entendimento de que seria endossado pelos militares.
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Não se golpeia um país como o Brasil sem apoio estrangeiro, forças armadas, apoio unânime da imprensa e capital financeiro. Mas você pode emparedar um presidente que já possuí um histórico de leniência, silêncio indecoroso e omissão com os militares, usando um golpe que deu errado como espantalho.
Basta ver o histórico do ex-presidente Lula foi ele em seus dois mandatos o responsável direto pela devolução dos militares ao cenário político com o uso exacerbado de operações de Garantia da Lei e da Ordem, a pouca ou nenhuma punição aos militares que falavam demais do alto de sua patentes. Foi Lula, que decidiu nomear pra o Gabinete de Segurança Institucional o general Gonçalves Dias, punido no govenro Dilma Rousseff por confraternizar com policiais militares amotinados e que se negou a limpar o GSI da escumalha golpista herdada da gestão do General Heleno.
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O resultado de todas as ações e omissões envolvendo os militares veio nesta quinta-feira (4), onde mesmo após recomendações de servidores da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e especialistas do setor da área de inteligência, o presidente Lula optou por manter a gestão do GSI nas mãos de um general, no caso, o general Marcos Antônio Amaro dos Santos que cuidou da segurança da Dilma por cinco anos. Foi sob sua guarda que a ex-presidente foi grampeada pelos EUA e foi vitima de um golpe.
Também foi sob a sua gestão que um hotel onde a então presidente discursaria foi invadido por um manifestante antipetista.
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E por qual motivo Lula nomearia um militar tão “eficiente”? Não há maior demonstração de subserviência do que esta.
Eu já expliquei aqui: embora aqueles que participaram da horda de celerados que destruíram as sedes dos três poderes em Brasília acreditassem que conseguiriam derrubar um govenro inteiro defecando em moveis e promovendo vandalismo, as pessoas na vida real sabem que isso não era possível.
Basta ver a nomeação de José Múcio no Ministério da Defesa, a nomeação de um outro general para o GSI, a falta de qualquer menção objetiva sobre a mudança na formação dos militares. O golpe já aconteceu e não precisou que um fuzil sequer precisasse sair do quartel.