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INEEP: Resultados da Petrobras no 1° trimestre reforçam urgência na revisão do Plano Estratégico da companhia

Em um trimestre de transição na gestão da companhia, o relatório de produção e vendas da Petrobras do 1º trimestre de 2023 (1T23), divulgado ontem (03/05), registrou estabilidade trimestral no nível de produção de petróleo e gás natural e a segunda queda trimestral consecutiva na produção e comercialização de derivados. “A conclusão da venda da […]

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Foto: Reprodução

Em um trimestre de transição na gestão da companhia, o relatório de produção e vendas da Petrobras do 1º trimestre de 2023 (1T23), divulgado ontem (03/05), registrou estabilidade trimestral no nível de produção de petróleo e gás natural e a segunda queda trimestral consecutiva na produção e comercialização de derivados.

“A conclusão da venda da Refinaria Isaac Sabbá (REMAN) de Manaus, em 30 de novembro de 2022, e queda sazonal na demanda por derivados explicam a redução nos indicadores de produção e venda de derivados no mercado brasileiro”, avalia o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma dos Santos

Santos também destaca em sua análise, a dependência da companhia, cada vez maior, da produção de óleo e gás natural oriunda do polígono do pré-sal, que representou 77% de sua produção total operada pela Petrobras no 1T23.

No entanto, no primeiro trimestre de 2023, a produção total da Petrobras de óleo, LGN e gás natural da estatal caiu 4,3% em comparação com primeiro trimestre de 2022 (1T22), registrando a marca de 2,68 milhões de barris por dia equivalente de petróleo por dia (boed), ante 2,80 milhões de boed registrados no 1T22.

A despeito do recorde de produção no pré-sal neste trimestre, a redução produtiva da empresa, na comparação entre o 1T23 e o 1T22, é explicada pelas quedas de 31,7% na produção de óleo e gás em terra e águas rasas e 18,0% no pós-sal profundo e ultra profundo, além da diminuição de 5,1% na produção total de gás natural. A conclusão das vendas de 57 ativos no upstream ao longo de 2022 também foram fatores decisivos para esse cenário.

Reflexo da venda da REMAN, que representava 2,4% da capacidade de refino da Petrobras, e das paradas programadas da REVAP (SP), RPBC (SP) e REFAP (RS), a produção trimestral de derivados de petróleo também caiu 4,3% no 1T23, quando comparada ao mesmo trimestre do ano anterior. A produção total de derivados caiu de 1,72 milhão de barris por dia (bpd), no 1T22, para 1,65 milhão de barris por dia no presente trimestre. O fator de utilização (FUT) do parque de refino foi de 85% no 1T23, dois pontos percentuais abaixo do verificado no 1T22 (87%).

O volume de vendas de derivados no mercado interno registrou queda de 0,2% neste trimestre, puxada pelas reduções de 0,3% na comercialização do diesel, 3,0% da gasolina, 10,8% de óleo combustível e 2,5% no GLP (gás de botijão).

“Mais uma vez, a venda de ativos estratégicos no segmento do refino justifica esse desempenho ruim. A conclusão da venda da RLAM (atual Mataripe), em novembro de 2021, e posterior venda da REMAN, em novembro de 2022, fizeram com que a companhia perdesse mercado nas regiões Norte e Nordeste do país”, comenta Santos, em sua análise sobre o resultado do trimestre.

No saldo líquido das exportações/importações, aa Petrobras registrou uma melhora na comparação anual. O resultado líquido foi positivo em 520 mil barris por dia no 1T23, ante 411 mil barris de petróleo por dia no 1T22, crescimento de 26,5% no período. Esse resultado se deveu à queda de 5,2% nas importações de derivados no período, em especial do diesel (6,7%) e do GLP (47,7%), e ao incremento de 35,0% das exportações de petróleo cru na comparação entre 1T23 e 1T22.

No segmento de gás e energia, em virtude da melhora no nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas no país e menor demanda do segmento termelétrico, a Petrobras registrou uma queda de 66,3% na geração de energia elétrica e de 24,2% na venda de gás natural para consumo interno no 1T23, quando comparado ao mesmo trimestre ano anterior.

Para o diretor do Ineep, os dados revelam o quanto o atual desempenho operacional da Petrobras reflete a estratégia de negócios adotada nos últimos anos, que concentrou suas atividades operacionais no desenvolvimento da produção nas águas profundas e ultra profundas do pré-sal, vendeu ativos estratégicos e restringiu sua capacidade de investimento com objetivo de geração de valor no curto prazo e distribuição de dividendos bilionários.

“Essa estratégia não apenas resultou na explosão dos preços dos derivados no mercado interno, como colocou em risco a sustentabilidade operacional e financeira da Petrobras no longo prazo”, comenta ele. 

“Os desafios colocados para nova gestão de Jean Paul Prates são muitos, mas alterar o Plano Estratégico 2023-2027, herdado de gestões passadas e ainda vigente, é medida essencial para retomada, no curto prazo, de um robusto plano investimentos e transformação do panorama operacional da empresa nos médio e longo prazos”, acrescenta.

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