Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2018 a produção mundial de arroz em casca foi de cerca de 782 milhões de toneladas. Contudo, esse valor vem diminuindo nos últimos anos e especialistas preveem a maior escassez de arroz mundial em 20 anos.
De acordo com a professora Giovana Ribas, do Departamento de Produção Vegetal do curso de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, em Piracicaba, esse déficit representa a redução de 350 mil hectares da terra para a produção do produto.
A produção de arroz está tendo a sua carga mundial reduzida, e com isso o mercado global deve registrar um déficit de 8,7 milhões de toneladas do produto. Segundo Giovana, esses problemas estão associados à questão climática; em países com grande produção de arroz, as inundações estão impossibilitando esse cultivo.
Giovana também comenta que os fertilizantes estão ficando mais caros, fator que, juntamente com as questões associadas ao clima, também afetam o Brasil. É importante lembrar que nenhum desses problemas apresenta uma perspectiva de mudança rápida.
Pensando nesses cenários, é importante destacar que o arroz apresenta baixa rentabilidade em alguns locais, ou seja, a margem de lucro não é grande para os produtores, diz ela. Com isso, agricultores acabam substituindo o arroz por diferentes tipos de culturas, como a soja e o milho.
Enquanto em 2015 a safra prevista era de 1,2 milhões de hectares, a expectativa para 2023 é que ela caia para 850 mil hectares, uma redução de 350 mil hectares. Outro dado importante sobre o arroz é o fato de não ser uma commodity. Dessa forma, não é possível fixar o seu preço, fator que faz com ele dependa das variações de oferta e demanda.
O El Niño é um dos fatores climáticos que são capazes de influenciar a produtividade desse produto. No Brasil, o fenômeno aumenta o número de chuvas e diminui a disponibilidade de radiação solar. Esses agentes conseguem modificar a produção de arroz e podem afetar a quantidade disponibilizada para a população.
A professora comenta ainda sobre a possibilidade de o Brasil ser exportador do produto: “Cerca de 80% do arroz produzido no Brasil fica no País, contudo, como as exportações de países como China e Paquistão estão diminuindo, tem chance de vender o excedente, finaliza a professora.
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