Estudo revela estratégias das empresas contra o PL das Fake News

Imagem: Reuters

Um estudo realizado pelo NetLab, Laboratório de estudos de internet e mídias sociais da UFRJ, revelou que empresas como Google, Meta, Spotify e Brasil Paralelo estão veiculando anúncios contra o PL 2630, o PL das Fake News, de forma opaca e burlando seus próprios termos de uso.

De acordo com o estudo, esse comportamento pode configurar abuso de poder econômico, já que as plataformas estariam tentando impactar a opinião pública e o voto dos parlamentares às vésperas da votação do projeto de lei.

A pesquisa aponta que as empresas estão usando todos os recursos possíveis para impedir a aprovação do PL 2630, pois isso afetaria os bilhões arrecadados com publicidade digital, que atualmente não possuem regras ou obrigações de transparência.

Se o PL 2630 não for aprovado, as big techs manteriam a assimetria regulatória existente no mercado, o que lhes garante vantagens competitivas em relação a outros meios de comunicação que também dependem de publicidade.

Plataformas quebram suas regras de publicidade

Foram encontrados anúncios da Brasil Paralelo e do Google contra o PL 2630 que não foram sinalizados como sendo de temas políticos e sociais, o que não permitiu que fossem transparentes na central de publicidade política da plataforma.

Além disso, o estudo identificou anúncios do Google sendo veiculados no Spotify, apesar dos termos de uso da plataforma proibirem anúncios sobre temas políticos. O Google também anunciou nas plataformas Meta contra o PL 2630 sem se denominar como anúncio sensível ou político, o que faz com que o anúncio não esteja disponível na biblioteca de anúncios da Meta.


Google impulsiona conteúdos contra o Projeto de Lei

O Google tem usado seu blog oficial para divulgar textos de ataque ao PL 2630 escritos por alguns de seus principais representantes no Brasil. Além de impulsionar propagandas apelidando o projeto com PL da censura, o Google também tem redirecionado usuários para sites nocivos e hiper partidários na primeira página dos resultados de busca.


Entre elas estão “O Boletim da Liberdade, de propriedade do ex-deputado federal Paulo Ganime (Novo/RJ). O portal divulga falas do deputado federal Kim Kataguiri (União/SP). Outra publicação indicada na primeira página do Google em busca anônima sobre o PL 2630 foi um texto da Revista Oeste, fonte considerada bolsonarista e acusada de disseminar desinformação.

A plataforma também coloca no topo das páginas de busca conteúdos contrários ao projeto de lei na busca e no próprio Youtube.

O que está em jogo é o dinheiro

As plataformas divulgaram que a publicidade digital movimentou uma quantia de R$32,4 bilhões no Brasil este ano. Para fins de comparação, de acordo com o Cenp, a publicidade em todos os outros meios de comunicação totalizou R$13,6 bilhões, enquanto a publicidade digital via agências representou R$7,6 bilhões, ou seja, um mercado de R$21,2 bilhões. Isso significa que o mercado de publicidade digital é duas vezes maior do que o mercado de anúncios offline.

Para ler a cartilha completa com a pesquisa feita pelo NetLab, clique aqui.

Rhyan de Meira: Rhyan de Meira é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Ele está participando de uma pesquisa sobre a ditadura militar, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira
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