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Empresas da UE acusadas de “exportação abominável” de pesticidas banidos para o Brasil

Publicado originalmente no Guardian – Pesticidas proibidos na União Europeia por causa de alegados riscos à saúde humana estão sendo exportados e usados em fazendas no Brasil que abastecem a Nestlé, revelou uma investigação. A Europa abriga algumas das maiores e mais lucrativas empresas químicas do mundo, incluindo a suíça Syngenta e as multinacionais alemãs […]

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Foto: Agência Brasil

Publicado originalmente no Guardian – Pesticidas proibidos na União Europeia por causa de alegados riscos à saúde humana estão sendo exportados e usados em fazendas no Brasil que abastecem a Nestlé, revelou uma investigação.

A Europa abriga algumas das maiores e mais lucrativas empresas químicas do mundo, incluindo a suíça Syngenta e as multinacionais alemãs BASF e Bayer.

Mas vários dos pesticidas e fungicidas que eles produzem foram proibidos pelas autoridades de saúde europeias depois de serem associados ao câncer, problemas reprodutivos e doenças neurodegenerativas.

Apesar da proibição, milhões de dólares em pesticidas ainda são exportados para o Brasil, onde são usados em fazendas que abastecem o mercado internacional de açúcar, segundo uma nova investigação da Lighthouse Reports e da Repórter Brasil.

Documentos do Ministério da Agricultura do Brasil obtidos por um pedido de acesso à informação revelam que um fungicida fabricado pela BASF e à base de epoxiconazol, um produto químico proibido na UE, foi pulverizado sobre duas plantações de açúcar que abastecem a Nestlé.

Uma das fazendas que usam esse fungicida proibido faz parte da gigante corporação açucareira brasileira Copersucar, cujas vendas de açúcar para a Europa bateram a casa dos R$ 5 bilhões para a Europa em 2020.

A Usina Atena, uma plantação de açúcar no estado de São Paulo, está sob investigação após uma denúncia de um morador vizinho sobre os impactos à saúde da pulverização de produtos químicos na fazenda.

Funcionários do Ministério da Justiça em São Paulo descobriram que a fazenda continha o fungicida Syngenta Priori Xtra. Este produto contém a substância ativa ciproconazol, cuja utilização é proibida na UE. Também foi encontrado o inseticida Regent 800WG, da BASF, e o Certero, da Bayer, cujos princípios ativos fipronil e triflumuron são vetados na Europa.

A Agência Europeia de Substâncias Químicas (ECHA, na sigla em inglês) classificou o epoxiconazol como suspeito de ser cancerígeno, e preocupações semelhantes foram destacadas pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA).

Marcos Orellana, relator especial da ONU sobre produtos tóxicos e direitos humanos, chamou a exportação contínua de produtos químicos banidos por empresas sediadas na UE de “prática abominável” e instou a UE a implementar uma proibição.

Por sua vez, a CropLife International, que representa empresas agroquímicas como BASF, Bayer e Syngenta, disse que os ingredientes ativos dos pesticidas têm “registros de uso válidos em vários países da OCDE”.

Em comunicado, a CropLife alega que : “Um não registro ou cancelamento de registro na UE não significa automaticamente que um produto não pode ser usado em outro país. Os pesticidas não são automaticamente ‘mais perigosos’ ou ‘menos necessários’ porque não são autorizados na Europa.”

Bayer e a BASF afirmam que todos os seus produtos são seguros para os seres humanos e para o meio ambiente. A Copersucar disse que atendeu à legislação brasileira e europeia, exportando seus produtos dentro dos padrões de segurança nas regiões onde atua.

Um porta-voz da Nestlé disse que todos os fornecedores devem atender ao padrão de produção sustentável, inclusive em relação às boas práticas agrícolas. “Continuamos acompanhando de perto as exigências regulatórias em todos os lugares em que operamos para garantir a conformidade de todos os nossos produtos”.

Funcionários da DG Sante, órgão da UE responsável pela regulamentação de pesticidas, disseram que a exportação de pesticidas proibidos será eliminada, embora nenhum cronograma tenha sido definido para a implementação.

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