Ex-ajudante de ordens e ex-chefe da Receita Federal tentaram reaver estojo apreendido pela Alfândega até no último dia útil do governo Bolsonaro
Publicado em 28/04/2023 – 19h06
Por Redação Rede Brasil Atual – São Paulo
RBA — As investigações sobre as tentativas do ex-presidente Jair Bolsonaro de se apropriar ilegalmente das joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita ganhou hoje (28) um novo capítulo. A Polícia Federal (PF) convocou para novos depoimentos o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, e o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes. Os novos depoimentos ainda não têm data para ocorrer.
A PF ouviu Mauro Cid e Gomes no começo de abril, quando também prestaram depoimento outros oito envolvidos no caso, inclusive o próprio Bolsonaro. Na ocasião, o ex-presidente confirmou que acionou o ajudante de ordens para que “buscar informações” sobre as joias. Segundo ele, esta teria sido a sua “única ordem”. Também admitiu que ligou para o então chefe da Receita para que ele estabelecesse contato com Cid.
Mauro Cid, por sua vez, disse à PF que tentativa de liberar a caixa de joias – um colar, um par de brincos, relógio e anel – avaliadas em R$ 16,5 milhões, que foram retidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, teria ocorrido “dentro da legalidade”. Ele disse ainda que os itens iriam para o “acervo pessoal” do então presidente.
O coronel pediu “urgência” na liberação de um avião da FAB que levou um o sargento da Marinha a Guarulhos na tentativa de reaver as joias. Este, por sua vez, tinha em mãos um ofício enviado por Mauro Cid à Receita Federal determinando a “incorporação de bens apreendidos”. Essa tentativa ocorreu em 28 de dezembro do ano passado, nos últimos dias do governo Bolsonaro. Mais uma vez, os funcionários da Receita resistiram à pressão e não liberaram as joias.
Nova investida para reaver joias
Mauro Cid e Gomes teria feito ainda mais uma investida. De acordo com reportagem do portal UOL publicada nesta sexta-feira (28), em 30 de dezembro, o auxiliar de Bolsonaro e o ex-chefe da Receita ligaram para servidor da Secretaria Especial de Administração da Presidência da República para pedir que retirasse os bens apreendidos.
Ele disse que negou o pedido dos aliados de Bolsonaro. O servidor frisou a obrigatoriedade de formalizar a solicitação para que fosse feita uma análise técnica. No entanto, a partir desse procedimento, as joias iriam para o patrimônio público da Presidência. Era justamente o que Mauro Cid e Gomes tentaram evitar inúmeras vezes, desde que as joias chegaram ao Brasil, escondida na mochila de assessor do então ministro de Minas e Energia (MME), almirante Bento Albuquerque, em outubro de 2021.
Assim, nos novos depoimentos, a PF deverá confrontar esse e outros relatos conflitantes em relação às versões anteriormente apresentadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e pelo ex-chefe da Receita.
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