Desde que o general Gonçalves Dias – o homem que sabia de menos – foi exonerado do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappeli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que assumiu interinamente o GSI, já exonerou mais de 80 servidores que foram herdados da gestão do general Heleno na pasta.
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Não é segredo para ninguém que o GSI faz parte do projeto de poder dos militares, recentemente, agentes da própria ABIN confirmaram isso sob anonimato para esta coluna, já expliquei isso em diversos artigos (ver aqui) e agora o que a o governo Lula decide pretende fazer? Manter o gabinete na mão dos militares e pior! Na mão de um militar que já deu vários sinais de que não seria o mais indicado para a pasta.
O “favorito” para assumir o GSI é o general Marcos Antônio Amaro dos Santos que cuidou da segurança da ex-presidente Dilma Rousseff por cinco anos e foi sob sua guarda que a ex-presidente foi grampeada pelos EUA. Segundo o próprio WikiLeaks, os EUA espionaram o Brasil e a ex-presidente Dilma entre 2010 e 2013.
Foi também sob a sua guarda que, em 2015, um manifestante invadiu um encontro do PT em que a ex-presidente estaria presente e pediu o impeachment dela, também sob a sua gestão que um homem armado invadiu o Palácio do Planalto pedindo a deposição dela.
Com esse histórico “louvável” eu pergunto: do que adianta trocar os quadros do GSI se a estrutura que até hoje só deu dor de cabeça e problemas aos últimos 4 presidente do Brasil? O governo está enxugando gelo! Me parece mais um capítulo do país do faz-de-conta.
Repito o que escrevi no início deste mês:
“Faz de conta que Bolsonaro não é produto da cúpula das forças armadas, que os culpados e patrocinadores do 8 de janeiro não usavam farda, que um general da ativa não foi responsável direto pela morte de mais de 400 mil brasileiros, o que lhes daria uma carta de alforria prévia para continuar agindo como se nada de mal houvessem feito (…) São tantas e tão deslavadas as mentiras que já não se pode cogitar somente de uma crise de valores, senão de um fosso moral e ético que parece dividir o país em dois segmentos estanques: a cúpula das forças armadas e o da grande sociedade civil que, apesar do mau exemplo e das seguidas ameaças fardadas, esforça-se para sobreviver e progredir”.