O aplicativo de mensagens russo Telegram não entregou à Polícia Federal todos os dados sobre grupos neonazistas da plataforma pedidos pela corporação, e a Justiça determinou nesta quarta (26) que operadoras de telefonia e lojas de aplicativos retirem o aplicativo do ar imediatamente.
Segundo a PF, as empresas de telefonia e as lojas de aplicativos Playstore e App Store vão receber o ofício sobre a suspensão do Telegram ainda na tarde desta quarta. Além de determinar a suspensão, a Justiça ampliou a multa aplicada ao Telegram por não entregar os dados de R$ 100 mil para R$ 1 milhão por dia de recusa em fornecer os dados.
A empresa russa enviou apenas parte dos dados pedidos pela PF na sexta-feira (21), após uma ordem judicial. A corporação, entretanto, quer contatos e dados dos integrantes e administradores de um grupo com conteúdo neonazista, e o Telegram não forneceu os números de telefone.
De acordo com a PF, o pedido de acesso aos dados do grupo neonazista foi feito depois que a investigação sobre o ataque a uma escola em Aracruz (ES), com saldo de quatro mortos, descobriu a interação do assassino, de 16 anos, com grupos antissemitas pelo Telegram.
Foi então ordenado que a plataforma entregasse os dados de administradores e integrantes do grupo para apurar as conexões e se houve influência no crime no ES. O envolvimento de grupos extremistas em casos de violência em escolas é investigado pelo Ministério da Justiça. A apuração começou depois do caso de Aracruz.
No início de abril, o ministro Flávio Dino, determinou a investigação de células que fazem apologia ao nazismo. Em uma coletiva depois do caso de violência em uma creche em Blumenau, disse que a PF descobriu a conexão entre grupos neonazistas e adolescentes com influência para violência em escolas.