Sputnik – Nesta quarta-feira (26), em visita à Espanha, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os EUA não têm direito de questionar ou influenciar outros países, principalmente por não ser um país-modelo, tendo um histórico de guerras e invasões.
Lula ainda comentou os “ataques” e “perseguição” dos EUA contra a China.
O presidente brasileiro citou o consenso de Washington, na década de 1980, quando os americanos criaram a ideia de que o mundo não teria mais problemas se fosse globalizado, e que a globalização era a saída para a humanidade.
E com essa promessa, todas as grandes empresas americanas foram investidas, enquanto que a China soube tirar proveito dos investimentos.
“Não sei qual foi o milagre que eles fizeram, mas o dado concreto é que quando o Trump foi candidato e começou a dizer que era preciso tirar as empresas da China, para elas voltarem para os EUA, já era tarde. A China já é a segunda economia e, possivelmente no próximo ano, será a primeira economia do mundo”, declarou Lula.
O líder brasileiro ainda destacou que os chineses chegarão ao posto de primeira economia mundial sem fazer guerra com nenhum país.
“Faz muitos anos que a China não faz guerra. Isso é uma demonstração de que somente com muita paz é possível você aproveitar o dinheiro produzido pelo povo para poder gerar emprego e bem-estar social”, destacou.
Ao comentar sobre o conflito na Ucrânia e a pressão dos países ocidentais contra o Brasil, o presidente brasileiro afirmou que “não pode ter dúvidas sobre a opinião do Brasil”.
“Por isso, eu sou incomodado com a guerra que está acontecendo entre a Rússia e a Ucrânia. Ninguém pode ter dúvida de que nós brasileiros condenamos a violação territorial da Rússia contra a Ucrânia. O erro aconteceu, e a guerra começou. Agora não adianta dizer quem está certo ou errado. Agora é preciso fazer a guerra parar. Porque você só vai conseguir discutir o assunto quando pararem de dar tiros”, afirmou Lula.
De acordo com Lula, é preciso parar de dar tiros para que haja um diálogo para uma resolução pacífica ao conflito, assim como ocorreu em diversas outras ocasiões.
Lula também aproveitou o assunto da Ucrânia para criticar e questionar as ações do Conselho de Segurança da ONU.
“Nós vivemos em um mundo muito esquisito. Vivemos em um mundo em que o Conselho de Segurança da ONU, os membros permanentes, todos eles são os maiores produtores de armas do mundo e são os maiores participantes de guerra do mundo”, declarou Lula.
“Então fico me perguntando se não cabe a nós, que não somos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, fazer uma mudança na ONU”, questionou Lula, adicionando que países como a Espanha, Brasil, Japão, Alemanha, Índia, Nigéria, Egito, África do Sul e outros países também deveriam fazer parte do órgão.
“A ONU era tão forte, que em 48 ela conseguiu criar o Estado de Israel. Em 2023, ela não consegue criar o Estado Palestino”, afirmou Lula, sugerindo que é necessário criar um novo mecanismo internacional para tentar fazer coisas novas e diferentes.
“Quando os EUA invadiram o Iraque, não houve discussão no Conselho de Segurança. Quando a França e a Inglaterra invadiram a Líbia, não houve discussão no Conselho de Segurança. E agora a Rússia, que também é membro do Conselho fixo, também não discutiu. Se os membros que têm a responsabilidade de dirigir a paz mundial não pedem licença, por que os outros devem obedecer?”, esbravejou Lula.
O presidente brasileiro também destacou que está na hora de começar a mudar as coisas, e que está na hora de “criar o G20 da paz, que deveria ser a ONU”.