Caso o governo Lula escolha militarizar os serviços de inteligência e informação do Estado brasileiro, estarão contratando uma crise com a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) que acabará culminando com o confronto direto entre os civis na agência e os militares das forças armadas.
Segundo agentes da ABIN, as diversas notas que estão saindo na imprensa sobre possíveis destinos para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) teriam como origem os militares que, segundo eles, estão plantando notas para tentar manter o GSI militarizado e possibilitar reincorporação da ABIN ao GSI.
Eles também acreditam que embora seja uma possibilidade, acreditam ser praticamente impossível o retorno da ABIN ao GSI e afirmam que foram extremamente bem recebidos pelo Ministro da Casa Civil, Rui Costa e que esse acolhimento se traduz na permanência da pasta longe do GSI.
Para os servidores, as pautas e filtros do GSI são conduzidos unicamente com base nos interesses da cúpula das forças armadas.
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Eles também revelaram que pela primeira vez profissionais e servidores da área de inteligência foram ouvidos durante uma transição de governo o grupo responsável pelas discussões foi unânime em defendes a desmilitarização do GSI e desvinculação da ABIN ao gabinete.
Segundo eles, a principal preocupação do militares é com imprescindível que o Sistema Brasileiro de Inteligência (SisBin) que segundo eles, poderia ser desmilitarizado, caso o GSI siga pelo mesmo caminho.
Hoje o SisBin é comandado por uma espécie de “conselho de segurança” que é composto por 13 órgãos, onde sete deles, são militares o que garante a supremacia das forças armadas. Esse conselho delibera quem entra ou sai do SisBin e elabora a política nacional de inteligência e a estratégia nacional de inteligência.
Além disso, eles disseram que quem realmente manda no GSI é sempre o secretário executivo que é escolhido pelo comandante das forças armadas, eles também ressaltaram que os militares na posição sempre são generais com uma ou duas estrelas, o que isso faz com que eles se submetam aos interesses da cúpula para serem promovido.
Por isso, o GSI funcionaria como uma espécie de “filtro” do que chega ao presidente e que, para as fontes, só chega ao presidente aquilo que é interessante aos militares, uma forma que encontraram de exercer poder político.
Para as fontes, os militares temem perder espaço na elaboração da política e na estratégia nacional de inteligência, que envolve políticas ambientais, estratégias comerciais e que segundo estes servidores, deveria conter também como diretrizes, o combate ao extremismo, influência das redes sociais e violência nas escolas.
Perguntei para estes servidores da ABIN qual seriam os interesses dos militares e um deles me respondeu de forma muito categórica: basta ver a agenda política implementada nos últimos 6 anos.