Pouco mais de cem dias após os ataques golpistas de 8 de janeiro, em Brasília, ainda restam 251 apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro presos nos presídios da Papuda e Colmeia, no Distrito Federal. 172 são homens e 79, mulheres.
Parte deste grupo é um dos 100 primeiros a serem levados a julgamento pelo STF, iniciado no dia 18 de abril, denunciados pelo Ministério Público Federal. A situação de outros 200 participantes dos ataques começa a ser analisada na próxima segunda-feira (24). Ao todo, 1.390 bolsonaristas serão denunciados – os outros estão em prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica.
Agora, no cárcere, os apoiadores do ex-presidente provam as consequências de seus atos de “patriotismo”: celas superlotadas, má alimentação, falta de medicamentos e pouco contato com a família – são algumas das queixas publicadas em reportagem da VEJA.
Por questões de segurança, os presos do 8 de janeiro ficam em celas separadas do resto dos detentos, o que não alivia o desconforto nas celas masculinas. No momento, o presídio da Papuda conta com uma superlotação de detentos — 1 287 presos onde cabem 1 176.
“São as mazelas do sistema prisional. Toda pessoa que é presa passa por essas privações”, destaca Gabriel Fonseca, da Defensoria Pública do Distrito Federal, à revista VEJA.
Boa parte dos detentos bolsonaristas se encontram na casa dos 50 anos, são de classe média e tem boa escolaridade. Por não desempenharem funções dentro da prisão, como faxina ou distribuição de marmitas, os presos não têm direito à visitas íntimas, mas podem receber itens de familiares a cada 15 dias.
No entanto, a maioria sequer é de Brasília, além de uma considerável fatia de parentes não estarem vacinados contra a Covid-19, o que dificulta ainda mais o processo de visitas.
A situação das prisões, em contrapartida, não é a única reclamação. O estado de saúde de alguns dos detentos e a falta de acesso a medicamentos é, também, uma das preocupações dos presos. A avaliação da Defensoria Pública é de que muitos dos presos deveriam responder em liberdade, já que são réus primários.
Por agora, resta aos detentos a espera pelos seus julgamentos, ou pela conversão de suas prisões em medidas cautelares, com o uso de tornozeleira eletrônica.