O B.B.King tem uma canção linda – e tristíssima – sobre o fim do período mais intenso de um relacionamento amoroso. The thrill is gone. Difícil traduzir, pois “a excitação se foi” soa mais vulgar do que o original.
Talvez “o deslumbramento acabou” faça mais sentido.
Em nosso caso, fiquemos no convencional: é o fim da lua de mel entre governo e população.
Mas é preciso olhar com naturalidade, sem dramatizar, para os números da Quaest divulgados hoje. O governo Lula tem 36% de ótimo e bom, e a aprovação pessoal do presidente da república é de 53%.
São números excelentes, sob qualquer ponto de vista, numa democracia sólida e competitiva.
Lula recebeu 48,4% dos votos no primeiro turno e 50,9% no segundo.
Na segmentação por voto no segundo turno, vemos que a queda na aprovação pessoal do presidente veio sobretudo do eleitor de Bolsonaro, o que também é natural. Nada mais esperável que o eleitor de Bolsoanaro seja o primeiro a se cansar da lua de mel.
Entre eleitores de Lula no segundo turno, 90% ainda aprovam o comportamento pessoal do presidente, o que é um desempenho extraordinário, apesar da oscilação (absolutamente natural) de 4 pontos para baixo em relação a fevereiro.
A desaprovação de Lula entre seus próprios eleitores, contudo, variou marginalmente, dentro da margem de erro, de 3% para 5%.
Ou seja, Lula permanece extremamente popular entre seus próprios eleitores, que formam a maioria do eleitorado. O casamento segue firme!
A queda na aprovação de Lula entre eleitores de Bolsonaro, por sua vez, foi mais acentuada: em fevereiro, 22% aprovavam o comportamento de Lula, percentual que hoje é de 15%, queda de 7 pontos.
Segundo a Quaest, o governo tem 36% de ótimo e bom e 29% de ruim e péssimo.
Nessa mesma data, há quatro anos, Bolsonaro tinha 32% de ótimo e bom e 30% de ruim e péssimo, e era considerado um fenômeno de popularidade.
A pesquisa confirma a tendência já apontada pela última Ipec, de que o tradicional período de “lua de mel” se esgotou. O bom senso, que não apenas é o analista político supremo, como também orienta o bom humor dos eleitores, determina que boa parte destes, sobretudo os menos “polarizados”, concedam um período de teste para o novo governo. E o tempo médio costuma ser exatamente por volta de cem dias.
Toda variação negativa de aprovação deveria preocupar um governo, mas, neste caso, é preciso dar o desconto de que se trata, em grande parte, de uma variação natural, inevitável. O fim da lua de mel é um fato inexorável da natureza, e, por mais que Lula tenha inegáveis talentos como liderança política, ele também está submetido às leis naturais.
Além disso, a Quaest de fevereiro (entrevistas realizadas entre os dias 10 a 13 de fevereiro), com seus 65% de aprovação pessoal de Lula, parecia um pouco exagerada.
Uma pesquisa Ipec realizada entre os dias 2 a 6 de março, traria dados mais razoáveis, de aprovação pessoal de Lula de 57%.
Na Ipec de abril, a aprovação de Lula estava em 54%, percentual similar aos 53% da Quaest de hoje.
Os fatores que desgastaram a lua de mel, como também é natural, nascem da ressaca pós-eleitoral, e da deterioração das expectativas econômicas. Mas esses números são igualmente muito contaminados pela polarização, de maneira que vale a pena, mais uma vez, examinar a diferença na avaliação conforme o voto no segundo turno.
A Quaest identificou que, entre eleitores de Lula, o otimismo ainda é muito alto: 76% acham que a economia vai melhorar. O percentual de eleitores de Lula que se disseram pessimistas é insignificante, 5%, praticamente o mesmo número de fevereiro.
Já entre eleitores de Bolsonaro se observa uma deterioração mais expressiva das expectativas econômicas, com 57% afirmando aos pesquisadores que acreditam em piora da economia (em fevereiro, eram 51%). Por outro lado, a mesma pesquisa mostra que o percentual de bolsonaristas que acreditam que a economia deve melhorar segue estável, em torno de 25%.
Conclusão
É importante, reitero, não dramatizar os números da Quaest. A variação abrupta é a soma provável de dois fatores: 1) os números pareciam exagerados em fevereiro, e 2) o fim da lua de mel entre os eleitores de Bolsonaro e o governo Lula.
Lula ainda tem uma aprovação positiva no geral, e extremamente positiva junto a seu próprio eleitorado. Num ambiente fortemente polarizado, o governo deve tomar muito cuidado para não se queimar junto a própria base, e não creio que isso esteja acontecendo.
Como foram lançados muitos programas sociais importantes, espera-se ainda que o governo deva colher os frutos da popularidade ao longo dos próximos meses.
A Quaest confirma que o maior medo do brasileiro, especialmente do eleitor de Bolsonaro (porque ele confia menos no governo Lula), é a inflação.
Segundo a pesquisa, a expectativa de aumento de inflação subiu de 39% para 49%, aí somados eleitores de Lula e Bolsonaro, ao passo que aqueles que esperavam queda da inflação, que eram 29% em fevereiro, hoje são 19%.
Entretanto, os últimos números para inflação, divulgados pelo IBGE, mostram queda acentuada dos preços em março. A inflação acumulada em 12 meses vem caindo expressivamente desde o segundo semestre do ano passado, e continuou caindo em 2023. Em março, a inflação acumulada em 12 meses foi de 4,65%, a menor taxa em muitos anos.
Nas últimas duas semanas, o dólar vem caindo, e a Petrobrás vem anunciando, há semanas, quedas sucessivas no preço do diesel, de maneira que tudo indica que a inflação deve continuar sob controle, ou mesmo em queda, nos próximos meses.
Inflação baixa, sob controle, é música para o eleitorado brasileiro. Se fosse arriscar uma previsão para as próximas pesquisas, portanto, seria a de que as expectativas econômicas e, portanto, a aprovação do governo, devem se estabilizar. Ou talvez até melhorar um pouco, sobretudo quando o governo iniciar o anúncio de seus primeiros grandes projetos estratégicos, como Lula prometeu fazer a partir de maio, voltados para geração de empregos e crescimento econômico.
Seguindo nossa analogia matrimonial, poderíamos dizer que, embora o período mais eufórico da lua de mel tenha passado, o casamento permanece feliz, sobretudo para os eleitores de Lula. Quanto aos eleitores de Bolsonaro, será difícil vê-los dando nota positiva ao governo e ao presidente.
A esta altura, é provável, além disso, que a extrema-direita já tenha conseguido reorganizar suas redes sociais, após o desastre que foi, para ela, a derrota de Bolsonaro no segundo turno e o 8 de janeiro. Isso também poderia ser a razão para algumas mudanças nos percentuais de aprovação de governo entre eleitores de Bolsonaro.
A desbolsonarização do país, por sua vez, apenas acontecerá quando o governo organizar uma estratégia de comunicação bem mais efetiva do que a que vemos hoje. Mas isso também é um processo de aprendizado, de erros e acertos, e a população brasileira deu um período de quatro anos para o governo – e todo o campo progressista – se exercitar, treinar e aprender.
Clique aqui para ler o relatório completo da pesquisa Quaest.
Admar
19/04/2023 - 15h31
Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu aqui tem muitos! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Ugo
19/04/2023 - 13h24
Até a Romenia (que sentiu na pele e sabe o que é o comunismo) puxou as orelhas do lavador de dinheiro público…!!
A ideologia imunda que ratos como Lula pregam é a pura apologia da desgraça, nada mais.
O Brasil é uma vergonha, um insulto a civilização humana.
Orlando Soares Varèda
19/04/2023 - 12h50
É…Assim vai o Brasil.
Fagundes
19/04/2023 - 12h19
Eu ainda nao acredito que seja algo minimamente normal que um sujeito anacronistico e imundo como Lula possa ser presidente da republica no ano de 2023.
Eu ainda nao consigo acreditar que os presidios entraram em festa quando este imundo foi eleito, claramente nao é algo normal mas é algo preocupante.
“Algo errado no Brasil nao està certo”…hà claramente alguma falha na cabeçinha dos brasileiros, nao tem outra explicaçào.
Perderam completamente o sentido do que é normal e do que nao é.
Palmas
19/04/2023 - 12h07
O dolar voltou para mais de 5 R$…nao sei se é uma noticia ruim ou boa mas quando ficou abaixo de 5 R$ foi dada noticia como se Brasil tivesse se tornado uma Suissa tropical de um dia pro outro, provavelmente neste caso nao é um boa notiica.
Patriotário
19/04/2023 - 12h06
O antipetista é um ser orgulhoso de sua falta de caráter, falta de hombridade , sua canalhice, sua cara de pau, sua safadeza e sua torpeza.
O que se esperar de um ser que não vale NADA ?????
isso mesmo, NADA!!!!
Tony
19/04/2023 - 11h33
Nos estados onde se investe, se cria emprego e um minimo de benesses nao querem ver este imundo nem em foto.
Querlon
19/04/2023 - 11h13
Ladeira abaixo como era previsivel.
Os paises civilizados nos ultimos 30 anos se consolidaram e apararam as arestas e agora terao para sempre uma base solida de baixo dos pés.
Ao exato contrario o Brasil a cada dia que passa està mais parecido com a Venezuela e estas republiquetas sem pé nem cabeça da america do Sul e da africa.
40 anos atras o Brasil era uma coisa decente, as pessoas eram educadas, se vestiam decentemente, na se matavam a toa, saiam minimamente alfabetizados das escolas, vc podia deixar a bicicleta na porta de casa que ninguem levava e por ai vai…hoje parece um pais que saiu ontem de uma guerra que durou 20 anos.
De là pra cà foi sò piorando….o processo civilizatorio brasileiro faliu completamente e nao tem nenhuma sequer esperança para o futuro, basta dar uma olhada rapida para os jovens.
Os brasilerios se autodestroem um ao outro todos os santos dias…o resto é se bombar a cabeça com coisas que nao existem.