De videogames até guerra na Ucrânia, quando não é o presidente Lula, é algum Ministro ou chefe de alguma instituição federal que fala alguma estultice ou trapalhada e coloca o governo em maus lençóis.
Só esta semana o governo federal já: liberou uma linha de crédito de R$ 2 bilhões para o agronegócio comprar máquinas de fabricação nacional, enviará ao Congresso Piso da Enfermagem, liberou R$ 21 bilhões em crédito para micro e pequenas empresas e investiu R$ 44,3 milhões na criação de 229 leitos de UTI em 11 estados.
Onde está essa pauta positiva? Perdida entre recuos de medidas e declarações destrambelhadas, falta de estratégia de comunicação do governo e discussões demasiadamente alongadas sobre a guerra na Ucrânia.
Do outro lado temos Fernando Haddad, Ministro da Fazenda finalmente enviando o novo arcabouço fiscal para o senado mas não sem deméritos: um dos trechos do novo arcabouço decidiu que seria uma boa limitar a capacidade de investimento do BNDES, um banco de fomento ao desenvolvimento.
Embora eu acredite ser difícil, Lula precisa tomar cuidado para não acabar cometendo o mesmo erro que a ex-presidente Dilma Rousseff cometeu com o ajuste fiscal e perdendo a própria base.
Enquanto isso a oposição promove gritarias infantis no Congresso Nacional, não impõe derrotas ao governo e tampouco dificuldades.
Além disso, o antecessor ao governo Lula não foi um governante afeito a entregas. Neste aspecto, o governo Lula está num posição ainda mais confortável já que não há parâmetros de comparação entre os dois governos, só as entregas listadas (realizadas nas ultimas 48 horas) acima equivalem a um semestre do governo Bolsonaro.
E o problema pode ser explicado por vários fatores, o mais evidente deles é o excesso de “estrelas” no governo, só na Esplanada dos Ministérios são 6 (Flavio Dino, Marina, Haddad, Alckmin, Rui Costa e Simone Tebet) e ainda temos a primeira-dama que volta e meia aparece em sondagens ou no noticiário político como cotada para disputar o Planalto em um futuro próximo. Isso sem falar daqueles que possuem interesse em disputa o executivo regional (prefeito ou governador).
E para completar ainda temos o fato deste ser um governo de frente ampla, o que faz com que muita gente se sinta a vontade para falar muita coisa sem qualquer análise de viabilidade.
Com votações importantes como o novo arcabouço fiscal e o reforma tributária no horizonte, é temerário ver o governo fazendo recuos desnecessários e evitáveis, apanhando na opinião pública e principalmente, tendo que brigar com ele mesmo.
Não faltam notas em off (quando a fonte é anônima) de ministros se alfinetando, criticando uns aos outros e sobrando até mesmo para a primeira-dama que não ficou livre de alfinetadas no caderno de política nos jornais.
Lula também, com seu estilo livre, de falar e discursar, acaba colocando o governo também em maus lençóis desnecessariamente.
E nessa confusão toda temos uma Secretaria de Comunicação Social (SECOM) completamente perdida com uma postura mais de bombeiro (apagando incêndios) do que de fato pautando o debate público ou panfletando a agenda positiva do governo.
Neste momento o governo briga com ele mesmo, perde oportunidades e faz com que apenas aqueles que acompanham a política saibam quais são as entregas do governo, nem mesmo a militância do partido do presidente está totalmente informada sobre seus feitos.
A pior oposição que um governo pode ter, vem dele próprio.