Analista: Brasil poderia ser a ‘porta de entrada’ da Rússia na América Latina

Imgaem: Ramil Sitdikov/SPUTNIK/AFP e Marcelo Camargo/Agência Brasil

Sputnik – A atual aproximação do Brasil à Rússia pode servir de exemplo para outros países da América Latina e converter o gigante sul-americano em uma “porta de entrada” para Moscou na região, disse o diretor-geral do Centro de Estudos Analitik equatoriano, Lester Cabrera, à Sputnik.

“O fato de que o Brasil possa conseguir um melhor posicionamento com a Rússia pode ser tomado como uma espécie de exemplo ou caso a seguir. Pode abrir-se uma enorme janela de oportunidade para que outros países expressem interesse em negociar com a Rússia”, afirmou Cabrera.

“Essa aproximação entre a Rússia e o Brasil seria como um exemplo a seguir ou influenciar outros países latino-americanos a se aproximarem da Rússia”, acrescentou ele.

O analista enfatizou que o Brasil “poderia ser a porta de entrada da Rússia na América Latina”.

“Temos um declínio econômico e problemas associados à energia, e a Rússia é uma oportunidade considerável a ter em conta para continuar se desenvolvendo e atender às necessidades dos cidadãos”, observou.

O Brasil pode ser uma “plataforma efetiva para que capitais, interesses e parte da cultura e diplomacia russas possam permear grande parte da região com projetos efetivos […] que superem o cerco ou o isolamento que gerou o conflito com a Ucrânia”, informou.

Na segunda-feira (17), uma fonte da chancelaria do Brasil disse à Sputnik que seu país considera a relação com a Rússia “sólida e tradicional”, pelo que aposta em um “diálogo amplo”.

Além disso, destacou que ambos os países têm um “intercâmbio comercial intenso” e garantiu que os produtos russos são “estratégicos para o agronegócio brasileiro”.

Essa declaração foi feita horas depois do início da visita do chanceler russo Sergei Lavrov ao Brasil, durante uma turnê latino-americana que o levará também à Venezuela, Nicarágua e Cuba.

Enquanto isso, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva propôs criar um formato similar ao Grupo dos Vinte (G20) para debater a situação na Ucrânia.

Anteriormente, declarou que os EUA e a Europa devem começar a trabalhar pela paz na Ucrânia em vez de incentivar o conflito.

O jornal britânico The Financial Times informou em março passado, citando o chanceler brasileiro Mauro Vieira, que Lula quer propor a criação de um “clube de paz” com a participação da China para tentar solucionar o conflito na Ucrânia.

No final de fevereiro, Lula exortou os países não envolvidos nesse conflito a se encarregarem da promoção das conversações para o restabelecimento da paz e também apelou a que se ofereçam à Rússia as “condições mínimas” para pôr fim aos confrontos.

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